Pentecostes: Festa do Divino
Após 50 dias da celebração da Páscoa, comemoramos a Festa de Pentecostes, quando recordamos a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Jesus Cristo. “Espírito Santo” é o nome próprio daquele que é reconhecido em muitas festas de nossas comunidades como a festa do “Divino”. Realmente, o Espírito Santo é Deus com o Pai e o Filho. No Novo Testamento, ele também é chamado de “Paráclito”. Esse termo foi apenas transposto do grego, pois não existe nenhum termo em português que traduza, adequadamente, todos os valores desse termo grego: defensor, auxiliador, consolador, assistente, advogado, procurador, conselheiro, mediador, aquele que exorta e lança apelos urgentes.
Ao prometer a vinda do Espírito Santo, Jesus o denominou de “Paráclito”, traduzindo, literalmente, assim: aquele que é chamado para perto de advogado (Jo 14,17; 15,26; 16,13). Paráclito é também habitualmente traduzido por “consolador”. Ora, Jesus é o primeiro consolador (1 Jo 2,1).
Esse espírito vem para os discípulos de Jesus, mas não para o mundo. O mundo não é capaz de apreender, nem de receber o Espírito. A expressão “o mundo não pode” indica a incapacidade radical do ser humano, abandonado a si mesmo, de alcançar a fé, de compreender a Palavra, de reconhecer o Espírito. Em outros termos, Jesus diz que o mundo não consegue perceber o Espírito em suas manifestações que, contudo, são reais, históricas e externas.
Após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes, o relato dos Atos dos Apóstolos narra que seus discípulos ficaram repletos do Espírito e começaram a falar em outras línguas. O evangelista São Lucas vê, nesse falar em todas as línguas do mundo, a restauração da unidade perdida em Babel; quando há confusão de idiomas, há divisão.
O dom principal do Espírito é que, atualmente, o Evangelho de Jesus é compreendido por todos. Seu anúncio não é restringido a um único povo, mas é destinado a todas as culturas, povos e línguas da Terra. A mensagem do Evangelho não é estranha a outras línguas fora da língua dos judeus. O Espírito faz com que cada povo perceba, na sua língua, que a Palavra de Deus é salvação para sua vida.
Geralmente se diz que o Espírito doa os sete dons dos quais cada pessoa tanto necessita para caminhar neste mundo. Na Bíblia, os números têm significado especial. O número 7 representa a perfeição. Podemos formá-lo fazendo 3 + 4 = 7. O número 3 representa a divindade (Trindade), e o número 4, as categorias básicas da criação: ar, água, terra e fogo. Já o número 12 simboliza a totalidade, pois 3 x 4 = 12. Os sete dons (Is 11,1-2) são qualidades que Deus nos dá. São elas: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade, temor. Esse último dom não quer dizer “medo de Deus”, mas medo de ofender a Deus. Mais do que temor, é respeito e estima por Deus.
Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria e Presidente do Regional Sul 3