Presidente da CNBB apresenta os ecos da 60ª AG aos participantes da Assembleia Regional

Arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, ressaltou a importância das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) no processo sinodal e a necessidade de propiciar que as comunidades sejam espaços de reconciliação e unidade.

Seguindo a pauta da primeira manhã da Assembleia Regional da Ação Evangelizadora (ARAE) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) do Regional Sul 3, nesta quinta-feira, 1º de junho, foram apresentados os ecos da 60ª Assembleia Geral da CNBB. Realizado entre os dias 19 e 28 de abril, o encontro reuniu quase 500 bispos titulares e eméritos de todos os regionais do país. A reflexão foi feita pelo presidente da Conferência e arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler.

O bispo iniciou sua explanação recordando a importância de oferecer a devida clareza sobre a identidade e missão da CNBB que, na essência, busca fomentar a comunhão entre os bispos. Segundo ele, que participa há mais de uma década das Assembleias Gerais, o encontro do episcopado brasileiro é uma “experiência de Pentecostes”, porque “encontrar um consenso num grupo tão grande de homens de diversos contextos e realidades do Brasil, só por meio do Espírito de Deus”, salienta.

Dom Jaime Spengler foi eleito presidente da CNBB durante a 60ª Assembleia Geral, para o quadriênio 2023-2027. O encontro do episcopado também teve a missão de escolher os demais membros da presidência da entidade e os presidentes das 12 comissões que compõem a organização da Conferência, bem como os representantes junto ao Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e os delegados da Igreja no Brasil para a reunião do Sínodo dos Bispos a ser realizada em outubro deste ano.

O arcebispo de Porto Alegre destacou a credibilidade que a CNBB tem, por sua história, junto das instituições brasileiras e, assim, a voz que a Igreja no Brasil representa no contexto social do país. Diante disso, dom Jaime fez memória da temática que baseou a 60ª AG: as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) e o processo sinodal convocado pelo Papa Francisco, em que a Igreja está envolvida, num caminho de comunhão, participação e missão. O documento, inclusive, será atualizado somente em 2025, como ressonância do Sínodo 2021-2024.

Dom Jaime Spengler ainda reportou que, em sessões reservadas, os bispos analisaram os resultados prévios de uma pesquisa realizada pela Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVC) da CNBB, sobre a saúde do clero e da vida consagrada no Brasil. A realidade denota os altos números do suicídio entre os padres e consagrados: as conclusões estão sendo compiladas para basearem o trabalho das pastorais presbiterais nas dioceses.

Polarizações e espaços de reconciliação

O presidente da CNBB deu importante destaque à carta escrita pelo episcopado e destinada ao povo brasileiro. O documento faz um apanhado da análise de conjuntura social, política, econômica e religiosa, e apresenta luzes os cidadãos e, sobretudo, para a caminhada eclesial.

Dom Jaime trouxe à pauta as discussões sobre a polarização política que dividiu famílias e comunidades, sobretudo, nas últimas eleições. Segundo ele, uma das reflexões mais fortes e que ganhou o apoio de todo o episcopado é para que as comunidades se transformem em espaços para a reconciliação entre as pessoas.

Nova tradução do Missal Romano

Ao retornar à pauta da unidade da Igreja, Dom Jaime pontuou sobre a apresentação e lançamento da nova tradução do Missal Romano, realizada durante a Assembleia e que terá o início de seu uso no I Domingo do Advento de 2023. O presidente da CNBB, ao recordar todo o processo que foi concluído com esta publicação, passou a palavra ao bispo de Santa Cruz do Sul, dom Aloísio Alberto Dilli, que atuou diretamente na comissão da Conferência que, por 19 anos, pesquisou e organizou o novo livro. “Momento de graça”, resumiu dom Dilli.

Eleição como presidente do Celam

Entre os dias 16 e 19 de maio, em Porto Rico, aconteceu a 39ª Assembleia Geral do Celam – Conselho Episcopal Latino Americano. Na oportunidade, Dom Jaime Spengler foi eleito presidente do Conselho. Segundo ele, durante o encontro, o episcopado latino-americano e caribenho definiu algumas prioridades, dentre elas: formar para a sinodalidade em todos os ambientes eclesiais; promover as pequenas comunidades, seguindo o processo da Iniciação à Vida Cristã; fomentar o conhecimento da Doutrina Social da Igreja no seio das comunidades e propiciar a escuta dos bispos e das conferências episcopais.

Dom Jaime também fez breves comentários sobre a situação da Igreja no Haiti, sendo que os bispos não puderam viajar para participar da Assembleia, pois o país é assolado por uma onda agressiva de violência. Além disso, pontuou a perseguição empreendida pelo governo da Nicarágua à organização eclesial. Os bispos de toda a América Latina e do Caribe acompanham com atenção a realidade de ambos os países.

Colaboração: Felipe Padilha