Provai e vede quão suave é o Senhor
O Salmo Responsorial deste Domingo nos faz um convite: “Provai e vede quão suave é o Senhor”. As Leituras da Missa de hoje nos revelam a infinita bondade de Deus e o caminho para experimentar essa bondade em nossas vidas.
Na 1a Leitura (Josué 24,1-2.15-17.18), o exemplo do povo de Israel é modelar para nós, o novo Povo de Deus. Josué coloca diante do povo uma escolha crucial: seguir ou não o Senhor. Após atravessar o deserto com o apoio constante de Deus, o povo está prestes a entrar na Terra Prometida, onde enfrentará a tentação de adorar falsos deuses. Josué, com sua fé firme, lidera o povo em sua decisão de seguir o Senhor, o que lhes permitirá experimentar os milagres e o carinho de sua presença constante.
A 2a Leitura (Efésios 5,21-32) destaca o profundo significado do verdadeiro amor conjugal: um amor que se manifesta em serviço, altruísmo e uma preocupação genuína pela felicidade do outro. Esse amor é reflexo do amor que Deus tem por nós. Ele nos ama de verdade e deseja nosso bem e nossa felicidade. Refletir sobre esse amor nos traz segurança e felicidade, mesmo diante dos maiores desafios da vida. Com Deus ao nosso lado, todos os obstáculos podem ser superados.
No Evangelho (João 6,60-69), Jesus oferece ao povo o alimento e a bebida que representam seu próprio Corpo e Sangue. Ao ver que muitos o abandonam, Ele pergunta aos Apóstolos se também querem partir. Pedro, falando em nome dos outros, responde: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna”. Mesmo sem compreender totalmente todo o mistério de Jesus e de sua missão de salvação, Pedro acredita e aceita as palavras de Jesus, confiando na autoridade de quem as afirma. Jesus, ao prometer seu Corpo e Sangue, falava literalmente, reafirmando essa verdade, por diversas vezes. Embora muitos tenham se retirado por não conseguirem aceitar essa ideia, os Apóstolos, na última Ceia, receberam o Corpo e o Sangue de Jesus sem hesitação. Hoje, nós também o recebemos, reconhecendo a grandeza das obras de Deus.
Comungar o Senhor é aceitar verdadeiramente Jesus em nossa vida. Quando fazemos isso, nossa vida se torna semelhante à dele, nossos desejos e preocupações se alinham com os dele, especialmente o desejo de salvar todos os homens. Optar por Jesus é optar pelo amor, viver amorosamente como filhos de Deus em Jesus, ser útil aos outros e já experimentar a felicidade de sua bondade.
Que as ilusões da vida e as paixões terrenas não nos desviem do caminho. Mesmo após a Aliança no Sinai, o povo de Israel ainda sentia saudades das cebolas do Egito, mostrando uma cegueira mesquinha. As coisas da terra, por mais belas que sejam, são passageiras. Optar por elas em detrimento de Deus é um erro grave. Quem verdadeiramente possui o Senhor tem tudo; quem não o tem, nada possui.
Com a Aliança do Novo Testamento, levada a efeito na cruz, fomos resgatados pelo Sangue de Jesus, derramado por nós no Calvário. Esse Sangue nos dá vida e nos torna consanguíneos do Senhor e uns dos outros. Essa realidade nos chama a amar profundamente a Deus e ao próximo, vivendo como uma só família, unidos em Cristo, e a saborear para sempre a bondade do Senhor.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen