Proximidade, compaixão e ternura

Estimados irmãos e irmãs! No dia 11 de fevereiro, a Igreja celebra, com seus filhos e filhas, o Dia Mundial do Doente. O Papa Francisco, na sua mensagem para este XXXI Dia Mundial do Doente, convida-nos “a refletir sobre o fato de podermos aprender, precisamente através da experiência da fragilidade e da doença, a caminhar juntos”, também no processo sinodal, que a Igreja está vivendo nesse momento da história, marcado pela cultura do individualismo e da indiferença, em relação aos valores do Evangelho e à vida comunitária. Precisamos aprender a caminhar, “segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura”.

O Dia Mundial do Doente é uma oportunidade para nos conscientizarmos sobre a realidade de todos aqueles e aquelas que passam por profundas provações físicas, humanas, sociais e também espirituais, por causa da doença que os aflige. Quem de nós já não teve um familiar ou amigo que foi acometido por uma doença, mesmo que de forma breve? Quantos de nós, diante da dor e do sofrimento provocados pela doença em pessoas que amamos, nos sentimos pequenos, limitados e frágeis, sem condições de amenizar o sofrimento do doente, mas podendo ser uma presença amorosa e fraterna, que expresse compaixão e ternura, enquanto a vida da pessoa amada, de um familiar ou amigo, ia sendo consumida diante dos nossos olhos?

Um tratamento digno aos enfermos pode ser difícil em todas as realidades sociais, mas torna-se um subir ao calvário quando a busca de recursos médicos fica cada vez mais distante da família e da comunidade. Não é só o doente que acaba ficando isolado dos seus, mas também o familiar que o acompanha muitas vezes fica ao relento da sorte, sem abrigo e relegado à indigência humana, para estar mais perto do enfermo.

Como comunidade de “irmãos e irmãs”, que amam a vida como dom maior do Criador a cada um de nós, não podemos deixar que a indiferença e o egoísmo ofusquem os valores da solidariedade e da caridade, que se ocupam do cuidado e da dignidade da vida dos irmãos e irmãs enfermos, em todas as realidades.

São muitas as famílias, no nosso contexto social, que têm algum familiar doente, necessitando de uma atenção maior ou cuidados especiais. São mães, pais, tios, irmãos e filhos, que são cuidados pelos próprios familiares, muitas vezes com a colaboração de amigos e vizinhos. Mas, na realidade, quem mais se dedica no dia a dia, em olhar e cuidar dos enfermos nas famílias, são as mães, que muitas vezes acabam sozinhas, assumindo o cuidado da vida de familiares enfermos por longos anos. Fazem do serviço silencioso e continuado do cuidar do enfermo uma missão, vivida como vocação amorosa na realidade da vida, diante de Deus e da humanidade.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul