Proximidade para Educar
A cultura da proximidade implica numa pedagogia da presença que transcende a mera tática, configurando-se como um conteúdo essencial da educação. A acolhida artesanal é a manifestação de nossa capacidade de sermos receptivos e superamos barreiras de todas as formas, baseada no pressuposto cristão de que tudo que é humano interessa a Deus.
Sem proximidade, o educador não liberta e nem salva da miséria o seu educando. Devemos rejeitar o erro, a ignorância e a miséria, mas nunca nos afastarmos do ser humano, independentemente de sua condição. Afinal, toda pessoa necessita de um, guia à verdade, de um pedagogo. Esse processo exige superar resistências por meio da pedagogia da proximidade, do encontro e da presença autêntica.
Nesse sentido, para instaurar uma verdadeira pedagogia da presença, não é suficiente a realização de palestras ou a organização de cursos de formação continuada. É necessário que essa visão humanista seja integrada a todas as atividades educativas, tornando-se parte da rotina, do ambiente e do clima escolar. O respeito, a cordialidade e a educação são transmitidos de foram mais eficaz pelo testemunho do que por meras palavras. Precisamos transcender a multiplicação de eventos que não iniciam processos de mudança autêntica. Uma excelente palestra pode inspirar e encantar, contudo, raramente é capaz de modificar atitudes e posturas consolidadas por modelos educativos que toleram a indiferença, o isolamento e o pragmatismos.
Os processos de proximidade e de construção de relacionamentos demanda mais tempo e dedicação, mas são capazes de gerar resultados transformadores para todos os envolvidos.
O envolvimento da família no processo educativo é essencial, realçando o papel cricual da família na missão educacional. Nesse sentido, é preciso reconhecer que a educação de crianças e jovens cabe, em primeiro lugar, aos pais e à família, uma responsabilidade que não poder ser simplesmente transferida para professores e escola. Se a família falar nessa missão primordial, a escola enfrentará sérios obstáculos para contribuir efetivamente para a formação integral dos alunos.
Na Carta Encíclica Laudato Sí, tratando do cuidado da nossa Casa Comum, o Papa Francisco destaca a importância da família na educação. Ele nos lembra que “a família é o lugar da formação integral”, onde se desenvolvem os distintos aspectos do amadurecimento pessoal, interligados entre si. Na família, aprendemos a pedir licença de forma respeitosa, a expressar ‘obrigado’ como um sinal de apreço genuíno, a moderar a agressividade ou a avidez, e a pedir desculpas quando erramos. Estes pequenos gestos de cortesia genuína ajudam a construir uma cultura de vida compartilhada e de respeito pelo que nosso entorno.
Por fim, com a proximidade e a pedagogia da presença, estimula-se os educadores a irem ao encontro das pessoas, especialmente daquelas mais necessitadas. Essa postura vende o isolamento, a frieza das relações e a apatia. É importante lembrar que o apelo às redes sociais muitas vezes poder ser um indicativo da falta de qualidade de relacionamentos mais significativos na realidade presencial, ou seja, no mundo real.
Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria e Presidente do Regional Sul 3