Quanto eu amo Senhor, a vossa Lei, vossa Palavra!
Como eu amo Senhor, a vossa lei, vossa palavra! É o refrão do salmo Responsorial deste Domingo (Salmo 118). E este amor à Lei do Senhor será tanto maior quanto maior for também a compreensão que tivermos dessa mesma Lei.
A Lei do Senhor é a Lei do melhor dos pais. Tem em mente a nossa verdadeira felicidade, aquela que todos nós mais desejamos. Encontrar e executar essa Lei é possuir o melhor dos tesouros, a melhor das pérolas. Por ela vale a pena deixar tudo. Dessa importância nos falam, de uma maneira especial, as Leituras da Missa de hoje. Para compreender o real valor da Lei do Senhor, é necessária a virtude essencial da Sabedoria. Por isso a pediu Salomão, como escutamos na 1ª Leitura (1º Reis 3,5.7-12). Deus ficou contente com o seu pedido. Com a Sabedoria o Senhor deu-lhe também a riqueza, o poder e uma vida longa. Como Deus é generoso para quem sabe a Ele entregar-se, a Ele se confiar!
Sem a Sabedoria, corremos o risco de nos agarrarmos a coisas passageiras, verdadeiras quimeras, a darmos valor a coisas que não têm valor. Aqui reside o engano de quem julga encontrar a máxima segurança da vida nas riquezas, no poder, nas paixões. Puro engano! Tal é fruto do orgulho que cega os homens, levando-os pelos caminhos errados da vida.
Para quem possui uma pérola, é importante saber o seu real valor, caso contrário corre o risco de a desperdiçar e mesmo a perder. As parábolas contadas por Jesus no Evangelho de hoje (Mateus 13,44-52), chamam a nossa atenção para o verdadeiro valor das coisas. É à luz desta Palavra de Deus que tem explicação a atitude de tantos irmãos nossos que tudo deixaram, para se darem de alma e coração a Deus Pai.
O que mais importante temos a fazer na vida é precisamente salvar a mesma vida – a salvação eterna. Para obter esta riqueza vale bem a pena deixar tudo, se tal for necessário, como já o fizeram com pleno êxito os nossos irmãos, os Santos. Vale bem a pena dar a vida terrena, se necessário for, para obter a vida eterna. A salvação eterna, para a qual todos foram chamados por Deus, nosso Pai, será uma realidade para quem seguir amorosamente a Lei do Senhor. E os mandamentos do Senhor resumem-se em amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, seja ele quem for, por amor a Deus. É pelo Amor que um dia seremos julgados.
O Reino dos céus, para o qual todos fomos criados é o Reino do Amor. Só quem verdadeiramente ama faz bom aproveitamento do tempo que o Senhor lhe concedeu viver. Podemos mesmo dizer que só verdadeiramente vivemos na medida em que amamos. E o nosso amor pelos outros poderá mesmo só traduzir-se seja na ação, seja na oração. Todos, mesmo os doentes e humanamente incapazes, por exemplo, de um trabalho podem e devem rezar e oferecer os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e por todas as necessidades da humanidade. Este meio maravilhoso de amar está, pois acessível a todos.
Que o Senhor nos conceda a Sabedoria de que precisamos para não nos enganarmos nos caminhos da vida, para cumprirmos com generosidade e alegria a sua Santa Lei. Se assim fizermos, pela misericórdia infinita do Senhor, sempre necessária, chegaremos ao Reino dos Céus, para o qual todos fomos criados. Então veremos quanto valeu, na vida terrena, ter amado verdadeira e sinceramente a Lei do Senhor.
Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen