Quase um ano após tragédia, Igreja continua prestando auxílio a Brumadinho
Dia 25 de janeiro completa um ano do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho, Minas Gerais, que fez mais de 270 vítimas. Desde a tragédia, a Igreja no Brasil vem desempenhando um conjunto de ações em apoio aos atingidos. Exemplo disso é a parceria entre a arquidiocese de Belo Horizonte – envolvendo a Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC Minas) e o Vicariato para a Ação Social e Política – e a Defensoria Pública da União (DPU), para a construção do espaço “Juntos por Brumadinho”.
O lugar ajuda famílias, vítimas da tragédia, a serem respeitadas em seus direitos por meio de atendimento jurídico gratuito e apoio emergencial a necessidades materiais mais urgentes. Professores da PUC-Minas e a equipe da Providens, Ação Social Arquidiocesana, contribuem para o acolhimento às famílias. A iniciativa é integrada ainda aos trabalhos desenvolvidos pelas comunidades de fé da Paróquia São Sebastião de Brumadinho.
O bispo auxiliar de Belo Horizonte e referencial para o Vale do Paraopeba, dom Vicente Ferreira, é também uma das pessoas que vem se dedicando, dia e noite, ao amparo espiritual das famílias, visitando lares e presidindo momentos de oração em velórios. O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, e muitos padres, diáconos, seminaristas, religiosos e voluntários, de diferentes cidades, também se uniram à população que sofre com a tragédia, na ampla campanha Juntos por Brumadinho.
Em maio de 2019, por exemplo, dom Walmor presidiu o seminário “A mineração e o cuidado com a Casa Comum”, reunindo representantes dos vários setores da sociedade para refletir sobre a missão da Igreja Católica na defesa da Casa Comum e seu necessário posicionamento para uma urgente revisão do modelo econômico extrativista.
O evento, realizado na PUC Minas, teve também por objetivo divulgar a posição da Igreja, a fim de orientar a opinião pública e apoiar as comunidades, grupos e movimentos que se dedicam à defesa dos territórios ameaçados, além de apresentar ao Vaticano o impacto da tragédia sobre a população de Brumadinho e as contradições da mineração em Minas e no Brasil.
O Seminário foi organizado pela arquidiocese de Belo Horizonte e a Rede Igrejas e Mineração – uma plataforma ecumênica que integra diferentes Igrejas na América Latina, unidas na missão de amparar comunidades impactadas pela mineração, a exemplo do ocorrido com as populações de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em janeiro de 2019.
Já em junho de 2019, um grupo de aproximadamente 30 bispos visitou a comunidade de Parque das Cachoeiras, em Brumadinho. O local foi um dos mais atingidos pelo rompimento da barragem com rejeitos de mineração da Vale. Os bispos integram o regional Leste 2 da CNBB, que abrange os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Durante a visita, eles vivenciaram momento de oração com a comunidade, no ponto mais atingido pela lama. Em seguida, se reuniram na Igreja São Judas, para um momento de celebração com os voluntários que se dedicam à comunidade.
Ainda em junho os seminaristas do Propedêutico, 2° e 3° ano de Filosofia e 2° a 4° ano de Teologia do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus fizeram missões em Brumadinho. Eles visitaram famílias, rezaram juntos e partilharam experiências. No mesmo mês, a PUC Minas apresentou em Brumadinho, no dia 29, projetos vinculados ao programa de extensão da universidade. O encontro reuniu alunos, professores, funcionários das duas instituições e pessoas da comunidade de Brumadinho, no Santuário Nossa Senhora do Rosário.
O objetivo foi discutir estratégias de fortalecimento das comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão. Os projetos estão inseridos nos seguintes eixos temáticos: jurídico-contábil; educativo/lúdico; gestão; psicossocial e sociocomunitário; veterinária; saúde humana; e socioambiental.
Também em 2019 a comunidade de Brumadinho recebeu um presente do Papa Francisco: uma réplica de sua cruz peitoral, entregue pelo monsenhor Bruno Marie Duffè , enviado do Papa, como sinal de sua solidariedade e preocupação com as vítimas do rompimento da barragem no Córrego do Feijão. Essa cruz passou pelas casas das famílias das comunidades de Brumadinho. Em visita à comunidade de Córrego do Feijão, o representante do Papa Francisco ouviu testemunhos das pessoas que perderam familiares e seus meios de sobrevivência, em consequência do rompimento da barragem.
Este ano, na data em que se completa um ano do rompimento da barragem, no dia 25 de janeiro, a arquidiocese de Belo Horizonte realizará a “1ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral”.
A iniciativa será um importante momento de oração e partilha, no horizonte da promoção da ecologia integral e em solidariedade às vítimas. A programação começa às 8h, com a Celebração da Palavra, em Brumadinho. Dom Walmor presidirá a Santa Missa, às 17h. A programação inclui apresentações culturais e momentos de partilha, espiritualidade e oração.
Fonte: CNBB