Que fazer para obter o perdão de Deus e dos homens?

 Dom Carlor Antônio Keller – Bispo de Frederico Westphalen 

 

São João Paulo, na Carta Encíclica Dives in Misericordia, n.º 14, nos diz: “É evidente que a exigência tão generosa em perdoar não anula as exigências objetivas da justiça. A justiça bem entendida constitui, por assim dizer, a finalidade do perdão. Em nenhuma passagem do Evangelho o perdão, nem mesmo a misericórdia como sua fonte, significam indulgência para com o mal, o escândalo, a injúria causada, ou os ultrajes. Em todos estes casos, a reparação do mal ou do escândalo, a compensação do prejuízo causado e a satisfação da ofensa são condição do perdão. Assim a estrutura da justiça penetra sempre no campo da misericórdia. Esta, no entanto, tem o condão de conferir à justiça um conteúdo novo, que se exprime, do modo mais simples e pleno, no perdão”.

Resumindo, em palavras mais simples, o Papa nos ensina que todos têm direito ao perdão, mas devem cumprir os deveres de justiça para com o ofendido. Seja para com Deus seja para com a pessoa ofendida.

E como o Senhor procede com o pecador? Ele sempre nos perdoa.

Só perdoa a quem está disposto a perdoar. Esta frase parece estranha, mas tem fundamento bíblico. Reparemos dos textos da Santa Missa deste Domingo. Podemos centrar a nossa atenção na primeira frase da Primeira Leitura, e na última frase do Evangelho.

A primeira Leitura (Eclesiástico 27,33-28,9) nos diz: “Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas”.

No Salmo Responsorial (Salmo 102), vamos recitar: “O Senhor perdoa todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades. Não está sempre a repreender nem guarda ressentimento. Não nos tratou segundo os nossos pecados nem nos castigou segundo as nossas culpas. Como a distância da terra aos céus, assim é grande a sua misericórdia para os que O temem”.

No Evangelho deste Domingo (Mateus 8,21-35), ouviremos de Jesus que devemos perdoar sempre: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.

Depois, Nosso Senhor conta a história dos dois devedores e a termina deste modo: “Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração”.

E no Pai Nosso Cristo Jesus ensina a rezar nestes termos: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Como devemos nós proceder com quem nos ofende? Jesus nos ensina que tal qual como Deus procede conosco.

Quem deseja o perdão do seu pecado tem de perdoar e, se não tem forças para isso, deve pedi-las ao Senhor, à Santíssima Virgem, e a todos os Anjos e Santos. Deve fazer oração, frequentar os sacramentos, sobretudo a Penitência e a Eucaristia, etc.

O caminho da vida cristã é, antes de tudo, um forte aprendizado do perdão.

Aprendamos de Jesus o caminho do autêntico e sincero perdão.

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