Quem dizem os homens que eu sou?

“E vós, quem dizeis que eu sou”?

Quem é Jesus Cristo? O Evangelho da liturgia dominical, Mateus 16,13-20, apresenta duas maneiras diferentes de conhecer Cristo. A primeira forma é um conhecimento externo, marcado pela opinião corrente. Diante da pergunta de Jesus: “Quem dizem que é o Filho do homem”?, os apóstolos relatam as opiniões mais populares que relacionam Jesus com os profetas conhecidos. Ele é compreendido dentro da tradição profética.

Esta mesma pergunta dirigida aos homens de hoje, encontraria um leque de respostas ainda mais amplo. Praticamente todos os habitantes da terra, independente de religião, tem uma palavra a dizer sobre Jesus Cristo. Talvez uma das respostas mais comuns colocaria Jesus como mais um personagem religioso equiparado a outros já conhecidos. É um conhecimento proveniente de ouvir dizer, de estudo, curiosidade, pesquisa. Neste caso a compreensão de quem é Cristo é fruto de um esforço pessoal. Um conhecimento que não gera necessariamente fé e seguimento.

A segunda maneira de responder requer uma posição pessoal, pois a pergunta é direta: “E vós, quem dizem que eu sou”? Pedro fala em nome do grupo e faz uma solene profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Ao que Jesus responde? “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pais que está no céu”. Portanto, aquilo que Pedro sabe a respeito de Jesus não é fruto de busca pessoal, mas de revelação. Isto é, Deus se dá a conhecer, desvenda a sua intimidade e vem ao encontro dos homens convidando-os a participar da vida divina. Um conhecimento onde racionalidade não é suficiente, mas requer fé.

A racionalidade de baseia em dados empíricos ou históricos, mas somente a fé é capaz de apreender o Mistério da Pessoa de Cristo na sua profundidade. A fé é um dom de Deus e não fruto do esforço humano. A fé não se limita a oferecer alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele, a adesão a sua pessoa, aos seus ensinamentos. Uma adesão que requer o uso da inteligência, da vontade, dos sentimentos. A pergunta de Jesus: “ E vós, quem dizeis que Eu sou”?, pede que os discípulos tomem uma decisão pessoal em relação a Ele. Fé e seguimento de Cristo estão intimamente relacionados.

A resposta do cristão diante da pergunta de Jesus sobre a sua identidade, não pode ser a resposta da opinião corrente. Ao cristão Jesus pergunta diretamente: “E tu, quem dizes que eu sou”? A fé em Cristo cresce e se consolida, se aprofunda e amadurece na medida em que cresce a intimidade com Ele. Uma relação que exige uma renovação constante conforme vai avançando no seguimento.

Depois da profissão de fé de Pedro, Jesus fala da Igreja. A fé de Pedro é o fundamento da Igreja e também o lugar onde o seguidor de Cristo se vincula. A Igreja se torna um sacramento de salvação para anunciar Jesus Cristo. A Igreja realiza esta missão com os seus vocacionados. Dentro do mês vocacional celebramos, neste domingo, lembramos a vocação para os ministérios e serviços na comunidade exercidos por fiéis leigos a partir de sua fé.

Louvamos e bendizemos a Deus por todos os fiéis que amam a Deus e consequentemente a sua Igreja. Com seus serviços auxiliam e apoiam a fé dos irmãos e, ao mesmo tempo, se apoiam neles gerando uma profunda na comunhão com a Igreja. O seguimento de Jesus não se faz sozinho.  O que Igreja crê e professa é a referência para a minha fé.

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo