Romaria ao Santuário do Caaró reúne 10 mil romeiros

Cerca de 10 mil romeiros participaram neste último domingo, 20 de novembro, a 83ª Romaria ao Santuário do Caaró da Diocese de Santo Ângelo, com o tema: “Com Maria, a Serviço da Vida e da Misericórdia”. A programação iniciou às 9 horas da manhã com a Via-Sacra e encerrou às 15 horas com a Bênção da Saúde. Um dos destaques da romaria foi o encerramento da peregrinação da réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas Paróquias da Diocese que iniciou na 82ª Romaria realizada em novembro do ano passado.

Na sequência veja na integra a homilia do bispo, Dom Liro Vendelino Meurer que presidiu a missa junto ao Santuário com a concelebração de praticamente todos os padres da diocese.                 

“Prezado pároco do santuário Pe. Danilo, padres presentes, paróquias, comunidades, grupos que caminharam e vieram de diversos pontos, pessoas de outras dioceses e estados e países.

Neste Santuário de Caaró, terra onde os santos mártires derramaram o seu sangue em defesa da vida, estamos realizando mais uma romaria e refletindo: Com Maria, a serviço da vida e da misericórdia. Como temos outra celebração à tarde, bênção da saúde,encerramento da peregrinação da imagem de Nossa Senhora aparecida e destaque no Ano Mariano, as minhas palavras neste momento se voltam mais à festa de Cristo Rei, com o encerramento do Ano Santo da Misericórdia e o tema do ano: Serviço à vida.

O Evangelho situa-nos ao final da “caminhada” terrena de Jesus: estamos perante o último quadro de uma vida gasta ao serviço da construção do “Reino”. As bases do “Reino” já estão lançadas e Jesus é apresentado como “o Rei” que preside a esse “Reino” que Ele veio propor aos homens. A cena apresenta-nos Jesus crucificado, dois “malfeitores” crucificados também, os chefes dos judeus que “zombavam de Jesus”, os soldados que troçavam dos condenados e o povo silencioso, perplexo e expectante. Por cima da cruz de Jesus, havia uma inscrição: (“este é o rei dos judeus”).

O quadro que Lucas nos apresenta é, portanto, dominado pelo tema da realeza de Jesus… Como é que se define e apresenta essa realeza?

Presidindo à cena, dominando-a de alto a baixo, está a famosa inscrição que define Jesus como “rei dos judeus”. Ele não está sentado num trono, mas pregado numa cruz;  aparece rodeado dos chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que O escarnecem; Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena.

Contudo, a inscrição da cruz – descreve com precisão a situação de Jesus, na perspectiva de Deus: Ele é o “rei” que preside, da cruz, a um “Reino” de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida. Desse modo, explica-se a lógica desse “Reino de Deus” que Jesus veio propor aos homens.

O quadro é completado por uma cena bem significativa para entender o sentido da realeza de Jesus… Ao lado de Jesus estão dois “malfeitores”, crucificados como Ele. Enquanto um O insulta, o outro pede: “Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesus a este pedido é: “hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Jesus é o Rei que apresenta aos homens uma proposta de salvação e que, da cruz, oferece a vida. O “estar hoje no paraíso indica que a salvação definitiva (o “Reino”) começa a fazer-se realidade a partir da cruz. Na cruz manifesta-se plenamente a realeza de Jesus que é perdão, renovação do homem, vida plena; e essa realeza atinge todos os homens – mesmo os condenados – que acolhem a salvação.

Toda a vida de Jesus foi dominada pelo tema do “Reino”. Ele começou o seu ministério anunciando que “o Reino chegou”. As suas palavras e os seus gestos sempre mostraram que Ele tinha consciência de ter sido enviado pelo Pai para anunciar o “Reino” e para trazer aos homens uma era nova de felicidade e de paz. Jesus é o Messias/rei, sim; mas é rei na lógica de Deus – isto é, veio para presidir a um “Reino” cuja lei é o serviço, o amor, o dom da vida. A afirmação da sua dignidade real passa pelo sofrimento, pela morte, pela entrega de Si próprio. O seu trono é a cruz, expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. É neste sentido que o Evangelho de hoje nos convida a entender a realeza de Jesus.

• Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que Se impõe aos homens do alto da sua onipotência e que os assusta com gestos espectaculares; mas é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz – ponto de chegada de uma vida gasta a construir o “Reino de Deus” – é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.

•  A Festa de Cristo Rei convida-nos, também, a repensar a nossa existência e os nossos valores. Diante deste “rei” despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste “rei” que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos?

Este Jesus, servo, que se despojou de tudo, nos mostra o rosto misericordioso do Pai. Encerra-se hoje o Ano Santo da Misericórdia iniciado no dia 08 de dezembro do ano passado com a abertura da porta santa em Roma e nas catedrais no dia 13 de dezembro e outros lugares conforme determinação dos bispos em suas dioceses. A misericórdia não se limita à compaixão ou à simpatia do coração. Trata-se de uma prática em relação ao próximo e se situa no conjunto do ensinamento de Jesus sobre a misericórdia, tendo como fundo a parábola do samaritano. “Qual foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? Aquele que usou de misericórdia para com ele. Vai e também tu faze o mesmo. Para Jesus, a nossa misericórdia também condiciona a atitude de Deus para conosco. Deus será misericordioso para conosco na medida em que formos misericordiosos para com nossos irmãos. Na carta de Tiago diz:”O juizo será sem misericórdia para aquele que não pratica misericórdia”(Tg 2,13).

Para ser misericordioso é preciso perdoar de coração aos outros. O perdão é algo essencial da misericórdia, do amor fraterno, e condição para que o próprio Deus nos perdoe:Servo mau, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me rogaste. Não devias, também tu, ter compaixão de ti. Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao seu irmão. O Papa Francisco falando aos movimentos populares no dia 05 de novembro, disse:”Peço-lhes que rezemos por todos aqueles que têm medo, rezemos para que Deus dê a eles coragem e que neste ano da misericórdia possa amolecer os nossos corações. A misericórdia não é fácil… exige coragem. Por isso, Jesus nos diz:”Não tenham medo, porque a misericórdia é o melhor remédio contra o medo. É muito melhor que os antidepressivos, muito mais eficaz do que os muros, as grades, os alarmes e as armas. E é grátis: é um dom de Deus.

Serviço à vida – Durante os últimos quatro anos tivemos presente esta prioridade, com enfoque especial neste ultimo ano. Tentamos articular um pouco melhor as pastorais sociais, de modo especial da pastoral da criança, da pessoa idosa, da saúde, carcerária, a cáritas e outras. Nosso trabalho de evangelização é um serviço, tal como Jesus que disponibilizou a sua vida em favor da humanidade. Por isso trabalhamos pela vida das pessoas, nossa missão está diretamente ligada a uma vida mais digna e humana para todos. Com Maria, a serviço da vida e da misericórdia. Como ela, nos coloquemos à disposição de Deus Pai misericordioso para servir como seu filho serviu e apresentou como buscar a vida em abundância. Que neste chão onde os santos mártires das missões testemunharam a sua fé, renovemos o nosso vigor missionário e anunciemos o Reino proclamado por Jesus.”

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