Santo Antônio, um homem atual

Ao olharmos a imagem de Santo Antônio, damo-nos conta de que ele tem um Menino Jesus nas mãos, junto com a Sagrada Escritura. A presença do Menino Jesus, fruto de uma visão mística, tem uma inspiração significativa. Assim, também a presença da Sagrada Escritura. Delas, o “Santo de todo o mundo”, como o chamou o Papa Leão XIII, continua bem atual, inspirando o modo de ser e viver de todos nós, numa linguagem que antes de ser argumentativa, deve ser de testemunho e narração. São tantas as riquezas de ensinamentos espirituais contidas nos “Sermões de Antônio”, que o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio de Pádua, “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”. Isto porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho, e ainda hoje os podemos ler com grande proveito espiritual.

Contudo, o fato de ter nos seus braços o Menino Jesus, lhe dá a segurança na sua vida. Ele viveu com Cristo e por Cristo. Olhou para Ele e o anunciou. No tempo de falta de fé, no nosso tempo, o anúncio de Jesus Cristo precisa ser bem claro. Os santos de nossa devoção do povo tem esta certeza, até nos braços. Uma Igreja “em saída”, que o Papa Francisco nos pede, é uma comunidade cristã missionária. Ela precisa, a partir dos grupos que vivemos, dar o bom exemplo de como se vive a relação de amor a Deus, no seu Filho, e o amor aos irmãos. Creio firmemente que os santos são um grande modelo. Sobretudo quando o santo fala do modo como ele rezava e que pode nos ajudar, sua proximidade era tal que ocorreu que o Menino o viesse ao colo. “Santo Antônio fala da oração como de uma relação de amor, que estimula o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que suavemente envolve a alma em oração” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Neste caminho feito por Antônio, da oração, temos uma inspiração da teologia franciscana, “da qual ele foi o iniciador, isto é, o papel atribuído ao Amor divino, que entra na esfera dos afetos, da vontade, do coração, e que é também a fonte da qual brota uma consciência espiritual que supera qualquer conhecimento” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010). Na teologia de Antônio, temos o cristocentrismo. Ele nos conduz a Cristo sempre. “Ela contempla benevolamente, e convida a contemplar, os mistérios da humanidade do Senhor, o homem Jesus, de modo particular o mistério da sua Natividade, Deus que se faz Menino, entregou-se nas nossas mãos: um mistério que suscita sentimentos de amor e de gratidão para com a Bondade divina” (Bento XVI, 10 de fevereiro de 2010).

O costume que temos de distribuir pães nas missas de Santo Antônio, tem a ver com este carinho especial dele, pelos pobres. A consequência da vida de oração e do amor a Cristo o levou a fazer o bem, a amar os pobres. Sua ação foi, assim, movida por esta compaixão pelos pobres, que, em Cristo aparece de maneira tão clara. “Ó ricos, tornai-vos amigos dos pobres, acolhei-os na vossas casas: serão depois eles, os pobres, quem vos acolherão nos eternos tabernáculos, onde há a beleza da paz, a confiança da consciência, a opulenta tranquilidade da eterna saciedade” (Santo Antônio, Sermones Dominicales et Festivi II, p.29).

Antônio, olhava para Cristo e conversava com Ele, na vida de oração. Era um pobre, um grande amor a eles, pela ação. O evangelho, que carrega nos braços, é a dedicação de sua vida, foi pregador. “Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” (Santo Antônio, Sermones Dominicaleset Festivi II, p.59).

Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta