São Pedro, São Paulo e a Igreja

 

O prefácio da solenidade de São Pedro e São Paulo, deste domingo, reza: “Hoje, vós concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. Pedro, o primeiro a confessar a fé em Cristo, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel; Paulo, mestre e doutor da fé, iluminou as profundezas do mistério e anunciou o Evangelho a todas as nações. Assim, por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo, e unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, a mesma veneração”.

O ministério apostólico de São Pedro e São Paulo é o mais amplamente relatado na Sagrada Escritura. Através deles podemos deduzir como foi o ministério fecundo dos outros apóstolos. Jesus inicia a missão chamando doze apóstolos para estarem com Ele e depois enviá-los para continuar a obra iniciada. Cada um deles tinha dons e carismas, mas também limitações. Um grupo heterogêneo preparado para mesma missão e para ser o fundamento da Igreja que é uma comunidade de fé, de esperança e caridade. “Edificados sobre o alicerce dos apóstolos e profetas, tendo como pedra angular o próprio Cristo Jesus” (Efésios 2,20). Porque São Pedro e São Paulo, junto com os outros apóstolos, são o alicerce da Igreja e ela é apostólica.

Em primeiro lugar, os apóstolos tiveram um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo que os levou a uma profunda conversão de vida. Os textos bíblicos testemunham o processo lento e contínuo ocorrido neles. Tiveram que rever toda a vida a partir dos ensinamentos recebidos de Jesus. O modo como Jesus se relacionava com as pessoas nas diferentes situações impressionava. A título de exemplo, Pedro e Paulo confiavam e usaram métodos violentos para resolver os conflitos e divergências de ideias, mas foram convencidos pelas palavras do mestre “põe a espada na bainha”.

O encontro com Cristo gerou neles a fé fruto da revelação divina e não de teorias humanas. “Feliz és tu, Simão […] porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Mt 6,13-19). É o elogio dirigido a Pedro após declarar: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. São Paulo na segunda Carta a Timóteo 4,6-8.17-18 testemunha: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”.

Outra marca dos apóstolos foi cumprir o mandato recebido de Jesus anunciar o Evangelho por todo mundo. Nenhum obstáculo encontrado no caminho os fez recuar ou desistir. Atos dos Apóstolos 12,1-11 relata a prisão de Pedro. Está vigiado por “quatro grupos de quatro soldados” com se fosse o prisioneiro mais perigoso. Depois de libertado milagrosamente, imediatamente continua pregando. Paulo revela que “já está para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento da minha partida”. A convicção de que deveriam levar o Evangelho em todos os lugares os fez merecem o prêmio do martírio.

Todos eles tinham consciência que estavam a serviço de Cristo para edificação da Igreja. Tendo Cristo por pedra angular e Pedro com o poder de governo: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. E quando a comunhão e a unidade estavam em perigo, os apóstolos se reúnem no Concílio de Jerusalém.

“Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele”. Toda a Igreja está convidada a ter esta atitude orante: agradecer a Deus por São Pedro e São Paulo e rezar pelo ministério do Papa Francisco, o sucessor de São Pedro.

 

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo