Semana da Pátria
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo
A nossa nação está vivendo a Semana da Pátria. Os posicionamentos sobre a maneira de refletir, festejar e reverenciar a pátria são os mais variados. Penso que a indiferença em relação ao país seja a única postura não aceitável. O Brasil é o conjunto dos seus habitantes, das estruturas de governo e da sociedade civil, das variedades culturais, étnicas e religiosas, das riquezas naturais e dos diversos biomas. Também fazem parte o conjunto dos problemas que estamos vivendo.
A pátria é maior e mais do que os poderes legalmente constituídos e as pessoas que ocuparam ou ocupam estes cargos. Estes são instrumentos para alcançar o fim, que é a promoção do bem comum, o progresso integral dos habitantes, o encaminhamento dos problemas e as suas soluções. É verdade que vivemos uma época de grande decepção com muitos dos que ocupam legalmente estes cargos, mas não são mais a autoridade moral. Há uma grave crise. Isto causa profunda indignação que deve gerar na sociedade uma reação proporcional ao problema.
Cabem as perguntas: Qual país queremos construir? Temos um projeto de curto, médio e longo prazo para nação? Quais medidas, mesmo que duras, que devem ser tomadas para alcançarmos o objetivo? Certamente, não existe uma só maneira de ver o futuro e nem um só caminho para chegar lá.
No ano 2000, para celebrar os 500 anos do início da evangelização no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – escreveu uma carta à sociedade brasileira e às comunidades católicas, intitulada: Brasil – 500 anos: Diálogo e Esperança. Retomo a parte que fala “construindo o futuro”, que apresenta sete compromissos que nascem da Doutrina Social da Igreja.
- “O primeiro compromisso de todos e de cada um – contra a atual tendência ao individualismo e ao corporativismo – é o de assumir efetivamente as próprias responsabilidades para com a comunidade local e a sociedade no seu conjunto. (…) Não se deve reduzir a democracia só às eleições, deixando que os eleitos tudo resolvam durante seu mandato”. Todos os cidadãos são corresponsáveis pelos rumos da nação.
- “Garantir as condições mínimas de subsistência, compatíveis com a dignidade da pessoa humana”. É a garantia da moradia, do saneamento básico, da saúde, da educação, da segurança, do emprego.
- Promover a justa distribuição de renda. Escreveu São João Paulo II: “Acima da lógica da troca e do lucro, existe algo que é devido à pessoa humana porque é pessoa, com base na própria dignidade”.
- Assegurar estruturas jurídicas adequadas para “combater a corrupção e a impunidade”.
- “Fortalecer a consciência ética” nas atividades públicas, na política partidária; mas também em cada indivíduo, seja nas relações públicas ou familiares.
- “Promover uma sociedade que respeite as diferenças”
- “Preservar o meio-ambiente” evitando a depredação da natureza.
Enquanto analisamos criticamente o momento atual e seus sérios problemas, como cidadãos, não podemos perder a esperança e deixar de contribuir conforme as possibilidades e a própria responsabilidade.