Ser religiosa (o)
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo
O terceiro domingo do mês vocacional, celebrado na Igreja Católica, propõe a vocação à vida consagrada. As mulheres e homens chamados para esta opção de vida são conhecidos como irmã, irmão, freira, frei, religioso, religiosa, frade. Estão agregados em várias Ordens, Congregações, Sociedades, Institutos. Residem em conventos, mosteiros, casas religiosas, casas paroquiais. Alguns, vivem uma vida contemplativa em mosteiros, a maioria não. Cada família religiosa tem o seu carisma, o seu dom que indica o rumo dos trabalhos evangelizadores: educação, saúde, migrantes, apostolado, caridade, etc. Uma análise da história universal, mesmo que superficial, não pode ser estudada e compreendida sem a presença e a atuação dos religiosos.
A vida religiosa é uma vida consagrada. A referência sempre é Cristo: o consagrado, o enviado ao mundo por Deus Pai. A consagração evidencia a doação integral de si a Deus, de serviço total a Ele e às pessoas. O sinal visível da consagração na vida religiosa é a profissão dos chamados conselhos evangélicos ou votos: pobreza, obediência e castidade.
O seguimento de Cristo é condição para cada cristão viver o batismo. A vida consagrada requer um seguimento mais radical, uma disponibilidade maior para viver o discipulado. A acolhida e a opção em viver os conselhos evangélicos orienta o seguimento. Escolher livremente o celibato por causa do Reino de Deus; a pobreza em ter os bens em comum e usá-los sobriamente e a obediência à vontade de Deus e aos projetos da família religiosa.
A vida religiosa é uma vida de comunhão. Em primeiro lugar a comunhão com Deus, fonte e origem de tudo e de todos. É a busca de Deus, é a busca do seu reino e da sua justiça, é vida de oração e contemplação, é intimidade. É comunhão com a Igreja enriquecendo-a com o carisma, participando da missão evangelizadora. A terceira forma de comunhão, é a vida fraterna entre os membros da comunidade. É unidade no mesmo espírito, o beber e o alimentar-se na mesma fonte, ter em comum a mesma inspiração da fundação. Também, requer-se uma estrutura adequada para propiciar a comunhão de vida.
A vida religiosa tem uma importância fundamental para Igreja e para a sociedade. Começando pela valorização da pessoa humana. Ajuda a recuperar a dimensão do sagrado que é indispensável para a Igreja e para sociedade. A oração de Jesus é clara: “Eu não rogo que os tires do mundo… eles não são do mundo…Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo” (João 17, 15-18).
A vida religiosa no mundo é um testemunho de Cristo, de Igreja e de vida fraterna. É um sinal profético num mundo fascinado pelo ter e fazer; vida consagrada valoriza o ser como dom gratuito. O modo comunitário de viver relativiza o possuir, o enriquecer, o individualismo. São um sinal profético na área ecológica. Viver com menos e com sobriedade, partilhando os bens e tê-los em comum.
A vida religiosa aponta para os valores escatológicos, aponta para aquilo que há de vir. O carisma da vida consagrada é contribuição para esta construção e caminho de prefiguração e de alcance pleno das realidades últimas e supremas: os valores da eternidade.
É necessário recordar a presença e a importância dos religiosos e religiosas no desenvolvimento religioso, cultural e econômico de nossas cidades.