Ser Santo? Como?
Caríssimos irmãos e irmãs que nos acompanham na Voz da Diocese, nossa saudação de paz e alegria no Senhor.
Ao abrirmos o mês de novembro, nos deparamos com a grande Solenidade de todos os Santos, que ao coincidir com um dia de semana, é celebrada no domingo seguinte. Queremos nos perguntar: Ser santo? Como?
Como muitos santos são celebrados em dias específicos, a Igreja celebra numa só data, todos os santos e santas que nem sempre são conhecidos. A santidade é um dom e um chamado para todos que deve construí-la num caminho a ser percorrido com simplicidade, com amor e doação. Ser santo é viver com um coração voltado para Deus e para os irmãos, de forma que o amor que devotamos a Deus se expresse nas ações em favor de nossos irmãos e irmãs. É viver a alegria de quem se entrega na confiança a Deus; é viver a vida com a certeza do bem que Deus nos proporciona e do bem que podemos fazer em favor do outro, apesar de nossos limites e dificuldades. Saber que todo bem transforma nossa vida e a vida de outrem. É recordar que “todo o bem que fazemos para nós mesmos, morre conosco; mas todo o bem que fazemos aos outros, se torna eterno, pois se multiplica na vida daqueles que o recebe”.
Prezados irmãos e irmãs. Santidade é viver de maneira que tudo o que se faz seja agradável a Deus; é reconhecer os próprios limites e lutar contra eles, especialmente o pecado que nos distancia de Deus, dos irmãos e até de nós mesmos, nos tornando amargos, tristes e abatidos. Santidade se constrói na humildade, vivendo plenamente aquilo que se é, reconhecendo que formos “criados à imagem e semelhança de Deus”.
A liturgia que refletimos nesta ocasião nos convida a voltar nosso olhar para Deus, mesmo em meio às dificuldades e com todos os santos e santas, colocar em nossa vida o que de sua palavra aprendemos. A leitura do Livro do Apocalipse de São João mostra a multidão dos santos que, vivendo o seguimento de Cristo, foram fiéis em todos os momentos da vida. A primeira Carta de São João nos alegra apresentando o presente que Deus nos deu: “… sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). Com isso somos participantes da graça de “santos como Deus é santo”.
Para viver este caminho de santidade, Jesus orienta seus seguidores, dando-lhes um programa de vida, no grande discurso do sermão da montanha, ou como dizemos: “as bem-aventuranças” (Mt 5,1-12a). Um programa exigente, profundo e capaz de mudar completamente o rumo da vida de qualquer um. Um programa que desafia a qualquer um, mas que indica um caminho seguro, seja no seguimento de Cristo, seja na construção de uma vida verdadeiramente santa. Bem-aventurado é aquele que fiel a Deus, observa seus ensinamentos e faz a opção pelos valores do Reino. É aquele que tem um olhar voltado para Deus e outro para os irmãos e irmãs, especialmente os oprimidos, frágeis, doentes e sofredores. Que vive o processo de contínua conversão.
Caríssimos. Ser santo é viver a vida como testemunha do amor de Deus derramado em nossos corações, transbordando alegria em meio a tristeza; esperança em meio ao desespero; fé em meio às dúvidas e acima de tudo a confiança naquele em quem depositamos nossa vida.
Que todos os santos e santas de Deus intercedam por nós e que seus exemplos sejam uma fonte de inspiração para prosseguirmos na construção de uma vida verdadeiramente santa, na esperança de cantarmos ao Senhor com a multidão dos santos em sua casa. Que Deus nos abençoe e nos conduza sempre num caminho de santidade. Amém!”
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim