Solenidade da Santíssima Trindade
O Evangelho deste Domingo (João 3,16-18), Solenidade da Santíssima Trindade, nos fala de Nicodemos – uma figura importante na religião e na sociedade de Israel, nos tempos de Jesus – que foi até Jesus à noite, não por medo de colocar em risco sua situação, ou por respeito humano, ou por medo daqueles que se opunham à missão de Jesus, mas para que o Senhor tivesse tempo suficiente para conversar com ele, pois Jesus estava sempre rodeado de pessoas durante o dia. Nicodemos queria ter tempo para conversar com Jesus.
Jesus disse a Nicodemos: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo aquele que nele crer, mas tenha a vida eterna.”
O verdadeiro interesse por uma pessoa não é medido por palavras bonitas e lisonjeiras, mas pelos sacrifícios que estamos dispostos a fazer para ajudá-la em suas dificuldades. Assim é que nós podemos compreender quão grande é o amor de Deus por nós. Encontrando-nos em grande necessidade, porque precisávamos da salvação, Ele não veio simplesmente nos dizer belas palavras. Ele assumiu a nossa natureza com todas as suas limitações, entregou-se por nós no sacrifício da cruz e está conosco na Santíssima Eucaristia.
O que Deus nos pede, como nossa contrapartida? Ele pede apenas amor, manifestado numa grande confiança nele, que nos permite nos deixar guiar para o cumprimento da sua vontade concretizada nos mandamentos, no cumprimento amoroso da Sua Lei de amor e de salvação.
“De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.”
Quando contemplamos a história da criação no início da Bíblia, inevitavelmente imaginamos o paralelismo de jovem casal esperando um filho e fazendo o possível para se preparar para ele.
Já no relato da criação estamos diante da ação de Deus de embelezar o planeta e permitir que o primeiro par de seres humanos e todos os seus descendentes encontrem um ambiente para se sentir bem, para viver em comunhão com o Criador.
Este pensamento continua atual. Quantos detalhes do amor de Deus encontramos no mundo para nos fazer sentir bem! Infelizmente, como uma criança irresponsável, o homem está destruindo a beleza da criação de Deus.
Da mesma forma, na esfera moral, esse cuidado de Deus por nós continua vivo. Jesus Cristo deu Sua vida por nós e estabeleceu a Igreja para termos todos os meios de felicidade nesta vida e na vida futura. Ele pode nos perguntar: “Existe alguma coisa que eu não tenha feito por você?”
Podemos dizer que as três Pessoas da Santíssima Trindade estão verdadeiramente ao serviço da nossa felicidade.
Portanto, diante deste amor operativo e salvador, qual deve ser a nossa resposta?
Primeiramente, somos chamados a exercer o nosso nobre sacerdócio batismal, adorando, agradecendo, suplicando e expiando os nossos pecados, especialmente os contra a Santíssima Eucaristia, especialmente através da participação na Santa Missa e na Sagrada Comunhão.
Também, é importante cultivar a vida de oração como silêncio para ouvir a voz do Senhor.
Aprendamos também a dedicar o nosso dia à Santíssima Trindade fazendo o Sinal da Cruz com todo o nosso coração, bem como o se persignar: a cruz na fronte representa os nossos pensamentos, a cruz na boca o desejo de falar boas palavras, e a no nosso coração, para termos bons afetos e boas obras.
Lembremo-nos muitas vezes ao dia que pelo Batismo, estamos inseridos na vida da Santíssima Trindade. Deus uno e trino está sempre conosco. Nunca estamos sozinhos e não temos motivos para desanimar.
Participemos com fé, amor e devoção ao menos da celebração dominical da Eucaristia, como um ato de comunhão com as três pessoas divinas, unidos a Maria, que é filha do Pai, mãe do Filho e esposa mística do Espírito Santo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen