Somos todos Irmãos e Irmãs

 

A Campanha da Fraternidade de 2024 aborda a temática da amizade social. A amizade é um sentimento fiel de estima entre as pessoas, um fenômeno humano universal que supõe uma abertura aos outros. Trata-se de um caminho de humanização e de relações fraternas. Atualmente, porém, é preciso ir além dos grupos de amigos e pensar na amizade social necessária para superar a inimizade que só destrói. O diálogo é o caminho para criar um novo estilo de vida que supere o ódio, a polarização e o preconceito.

Para o Papa Francisco, a amizade social é uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente de sua proximidade física. Trata-se de viver livre de todo o desejo de domínio sobre os outros. É romper com as cadeias que nos isolam e separam, construindo pontes e evitando muros. Ao conjugar os conceitos de amizade e sociedade, o Papa Francisco acentua que a verdadeira valorização da vida se realiza na integração com a sociedade. Separar a realidade concreta desse conceito de fraternidade gera a cultura do descarte. O Papa considera a amizade social como o antídoto contra um ser humano fechado em si mesmo e contra um mundo que descarta os vulneráveis e improdutivos. Especialmente os pobres, doentes, os refugiados, e os solitários desafiam a nossa prática comprometida de solidariedade humana.

A amizade não é um clube exclusivo, onde apenas os iguais e seletos se consideram amigos. Isso seria reduzir o horizonte da amizade. Igualmente, quando as famílias se preocupam apenas com o bem dos seus, se empobrece sua responsabilidade com o todo da família humana e da sociedade. A amizade social é um convite para perceber quem está ao nosso redor, clamando por ser reconhecido e cuidado.

A amizade social nos recorda de que somos todos irmãos e irmãs, com a mesma dignidade e a mesma vocação e destino. Somos todos um só em Cristo Jesus (Gl 3, 28). Nossas diferenças não podem ser consideradas um problema, mas uma riqueza. Podemos ser divergentes, mas não oponentes. Nada deve nos impedir de viver o mandamento maior de Jesus, que é o amor. Nem mesmo os nossos adversários e inimigos podem bloquear-nos em nossa vocação ao amor universal. Jesus nos pede: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5, 44).

No seguimento de Jesus Cristo, aprendemos que a outra pessoa é sempre um irmão, uma irmã que merece ser acolhido, conhecido e valorizado. Ninguém pode ser eliminado ou sobrar. Precisamos educar nosso ser e agir para reconhecer e promover a dignidade das pessoas, para superar a discriminação e o ódio que nos impedem de ver a grandeza de cada filho e filha amados por Deus e criados à sua imagem e semelhança.

 

Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria e Presidente do Regional Sul 3