Ter, ler e acolher a Palavra de Deus

Estimados Diocesanos! Estamos iniciando o mês de setembro, no qual, no Brasil, celebramos o mês da Bíblia. Este livro sagrado, presente em tantos lares, sobre o qual muitos governantes fazem o juramento na tomada de posse de suas funções, não deveria ser um livro de estante “decorativo”, mas um livro para levar escrito no coração, onde poderia ser lido continuamente, à luz do Espírito Santo, nos passos da vida.

O cristão é convidado a criar familiaridade progressiva com a Palavra de Deus. Ler esta Palavra, não para vangloriar-se, mas para interiorizá-la no seu coração, como um programa de vida, de crescimento espiritual, que gera comunhão com o Senhor e o leve a uma relação sempre mais íntima e profunda com a mesma Palavra de Deus e com os irmãos na comunidade.

Podemos passar anos apenas escutando a Palavra de Deus. Mas é preciso dar um passo a mais; além de “escutá-la com os ouvidos é necessário acolhê-la com o coração”, para que possa frutificar pelo nosso agir de cristãos, chamados a ser “sal da terra e luz do mundo”, na sociedade na qual vivemos. Portanto, é essencial, antes de tudo, a interiorização da Palavra de Deus pelo cristão. Não pode haver cristãos comprometidos com a causa do Reino sem antes “assimilar” a Palavra. Às vezes, o que o Senhor nos pede através da sua Palavra pode parecer muito difícil de realizar. Isto não deve nos assustar, muito menos nos acomodar. Também Jeremias, falando da sua vocação profética, sentia muita dificuldade em abraçar a sua missão. Precisou primeiro criar intimidade, isto é, interiorizar a Palavra de Deus no seu coração. Quando deu este passo ele pôde afirmar: “Eu devoro as tuas palavras onde as encontro; a tua Palavra é a minha alegria e a delícia do meu coração, porque o teu nome foi invocado sobre mim, ó Senhor, Deus do universo!” (Jr 15,16).

Queridos diocesanos, quando a Palavra de Deus é vista como uma entidade ou algo fora de nós, pode dar a impressão de algo que nos limita e nos incomoda. Mas quando você, irmão, você, irmã, decide acolher esta Palavra, assimilando-a e deixando que ela entre no seu coração como algo que o alimenta, então ela se tornará “doce como o mel” ao seu paladar (Ez 3,3).

Tende todos um bom domingo.

Dom José Gislon – Bispo Diocesano de Erexim