Todos somos chamados à salvação
O chamado à salvação ecoa através das páginas da Bíblia, ressoando como uma melodia divina destinada a despertar uma transformação profunda, tanto pessoal quanto coletiva. A presença de Jesus Redentor entre os homens assegura-nos a oportunidade de alcançar a salvação, mas este presente divino requer uma resposta pessoal e uma mudança radical em nossas vidas.
Ouvindo a 1a Leitura deste Domingo (Jonas 3,1-5.10), somos confrontados com a narrativa dos ninivitas que, diante da iminente ira divina, escolheram a penitência e a conversão. Este episódio revela a vontade de Deus de ver todos os homens salvos e redimidos.
O Salmo Responsorial (Salmo 24), em sua súplica ao Senhor para nos instruir em Seus caminhos, ecoa a necessidade de caminharmos fielmente em direção à salvação. A ternura e a misericórdia eternas do Senhor são a luz que guia os passos daqueles que buscam a transformação interior, operada pela Graça de Deus.
São Paulo, na 2a Leitura (1a Coríntios 7,29-31), lembra-nos de como este mundo é passageiro e exorta os que creem a enxergarem além das coisas temporais. A brevidade da vida terrena é a oportunidade de acolher a graça e alcançar a salvação definitiva. O cristão, ciente da transitoriedade do mundo, age com liberdade espiritual, não sendo escravo das contingências temporais.
Ao mergulharmos no Evangelho deste Domingo (Marcos 1:14-20), somos confrontados com o convite urgente de Jesus para nos convertermos e acreditarmos na Boa Nova. A conversão ao Evangelho é descrita como a abertura determinada do coração do homem ao Coração de Jesus Cristo. A renúncia à vida anterior é o passo vital para seguir fielmente a Cristo Salvador.
Em meio aos desafios da vida presente, os inimigos e as tentações são reais. Contudo, a proteção e a ajuda divinas superam em muito o poder de todos os adversários. Sustentados pela graça de Deus, temos a força necessária para rejeitar as sugestões do mal e a liberdade para não consentir com elas.
Assim, o caminho da salvação é uma trilha exigente, mas repleta de graças divinas. A escolha pessoal, a conversão sincera, a confiança na graça divina e a renúncia à vida anterior são elementos fundamentais. Que, guiados pelas Escrituras e pelo exemplo dos ninivitas, possamos responder ao chamado à salvação com corações abertos, prontos para a transformação que só o Redentor pode realizar em nossas vidas.
O Papa São Clemente Romano, o 4o Papa da Igreja, do ano 88 ao ano 99, escreve: “Olhemos atentamente para o sangue de Cristo e percebamos o quanto ele é valioso aos olhos de Deus, seu Pai, pois, derramado para a nossa salvação, ofereceu a graça da conversão ao mundo inteiro. Percorreremos todas as etapas da história e veremos como em qualquer época o Senhor concedeu a oportunidade de arrependimento a todos os que quiseram se converter a Ele. Noé pregou a penitência e aqueles que o ouviram foram salvos. Jonas anunciou a destruição aos ninivitas, mas eles, fazendo penitência pelos seus pecados, apaziguaram a ira de Deus com as suas orações e alcançaram a salvação, mesmo não pertencendo ao povo de Deus.” (Carta aos Coríntios).
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen