Todos somos migrantes
Dom José Gislon – Bispo Diocesano de Erexim
Iniciamos neste domingo a 32ª Semana Nacional do Migrante. É uma boa oportunidade para olharmos o percurso da nossa vida pessoal, da nossa família e da comunidade sob a ótica do migrante. Assim, podemos lembrar que a vida de fé deve ser celebrada envolvendo também a nossa história pessoal, familiar e comunitária.
Quando não coloco minha vida e os acontecimentos que a envolvem diante do Senhor, pode ser sinal de que talvez eu não tenha presente o Deus Pai misericordioso revelado por Jesus Cristo; o Deus da vida, o Deus da ternura e da compaixão, que sofre com aqueles que sofrem e se alegra com aqueles que se alegram. E por não ter fé, ou uma fé frágil, eu posso não confiar na presença de Deus, ou posso conceber um Deus muito distante que não me ama o suficiente para olhar pela minha vida e os tormentos que me afligem nesta peregrinação sobre a face da terra.
A semana do migrante nos dá a oportunidade de percebermos que a nossa história é única e ao mesmo tempo muito parecida com a de muitas pessoas que conhecemos. Vivemos em uma realidade, onde às vezes é difícil encontrar três gerações da mesma família, vivendo na mesma comunidade e, muitas vezes, não sabemos nem de onde vieram os nossos avós. Facilmente partimos deixando para trás a nossa história, abandonamos nossas raízes sem nos darmos conta de que somos parte de um povo e de uma comunidade, e para onde formos também gostaríamos e precisamos ser acolhidos e inseridos numa comunidade.
A grande maioria das pessoas que vivem nos bairros de nossas cidades vem de uma realidade de migração do campo ou das pequenas cidades. Muitas vêm de uma forte experiência de comunidade civil e de fé, mas acabam fragilizadas espiritual e socialmente pela falta de referências comunitárias no novo contexto social. Esta fragilidade que envolve a vida pessoal e familiar pode ter consequências negativas para a sociedade como um todo. Por isso é importante acolher bem o migrante, envolvendo-o na vida da comunidade, para que ele possa integrar-se e enriquecer a comunidade com sua vida, sua fé, sua participação e sua história.