Trabalho, dignidade e esperança

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! No dia 1º de maio é comemorado o Dia do Trabalho e o Dia Mundial dos Trabalhadores(as). Quando, em 1955, o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, no dia 1º de maio, ele pediu que São José, “o humilde operário de Nazaré, fosse também o providente guardião das famílias”.

A humanidade, a nossa sociedade e também a Igreja, comunidade de fé, está passando por um momento de grandes provações, que estão atingindo profundamente a vida pessoal, familiar e comunitária. Nestes dois anos de pandemia, muitas vidas foram ceifadas, milhares de famílias foram feridas pelo vírus da pandemia e pela perda de seus familiares. Podemos dizer que, de certa forma, a batalha da pandemia foi vencida, com a vacinação e uma maior conscientização da sociedade sobre a responsabilidade de todos na proteção e cuidado da vida, dom maior de Deus a todos nós.  Existe também uma realidade desafiadora, presente na nossa sociedade, que é o vírus do desemprego, que atinge milhões de pessoas em nosso país.

Como olhar a vida, dom de Deus, diante de tudo o que está acontecendo ao nosso redor, mas também dentro de nós? Creio que, como homens e mulheres, revestidos pela graça do Batismo, que nos fez renascer para uma vida nova em Cristo, pela ação do Espírito, não podemos ficar paralisados pelo medo, muito menos optar pela indiferença, como uma forma de nos proteger da realidade que está ao nosso redor.

À luz da fé, que se alimenta da Palavra de Deus e do Pão da Vida, Cristo Jesus, os nossos passos e as nossas ações de discípulos e discípulas do Senhor no mundo devem ser marcados por um forte compromisso em defesa da vida, mesmo quando as notícias diárias e os fatos nos falam de guerra, dor e morte.

Penso que neste momento da nossa história seria importante fazermos memória das palavras do Papa São João Paulo II, pronunciadas no Jubileu dos Trabalhadores, em 2000: “Queridos trabalhadores, empresários, cooperadores, homens da economia: uni os vossos braços, as vossas mentes e os vossos corações a fim de contribuir para a construção de uma sociedade que respeite o homem e o seu trabalho. O homem vale por aquilo que ele é e não pelo que possui. Tudo o que se realiza ao serviço de uma justiça maior, de uma fraternidade mais ampla e de uma ordem mais humana, nas relações sociais, conta muito mais do que qualquer progresso no âmbito técnico.”

O cristão é constantemente modelado por Deus à sua imagem e, na medida em que a sua conduta manifesta Cristo, que o anima, o cristão realiza o desígnio de Deus sobre si. É importante sabermos ser agradecidos a Deus, pelos bens que dele recebemos, pelo seu amor para com cada um de nós, nos nossos pequenos passos e tropeços do dia a dia, sabendo que é do Senhor que receberemos a recompensa, e ele, o justo juiz, não faz distinção de pessoas.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul