Um olhar de esperança diante da realidade

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, escrito por São Mateus (Mt 10,26-33), traz uma exortação do Senhor aos seus discípulos, para que sejam testemunhas corajosas da sua boa notícia, também num mundo hostil. Hoje, vemos contínuas manifestações, nos Meios de Comunicação Social, de pessoas e grupos que se dizem cristãos, mas, na realidade, não aceitam assumir um compromisso com o Evangelho quando se trata dedefender e cuidar da vida, dom de Deus, dos irmãos e irmãs, diante da realidade que estamos vivendo.

O convite do Senhor Jesus aos discípulos de ontem e de hoje é “não temer”, não ter medo daqueles que querem manipular o Evangelho em causa própria, porque o discípulo deve ter a confiança de estar seguro nas mãos de Deus, e continuar a lançar as sementes do Evangelho, mesmo em tempos de pandemia e de incompreensões, também por parte daqueles que se dizem “cristãos” e pertencentes à comunidade de fé, porém, não sabem ou não querem manifestar apreço ou compaixão pela vida dos outros.

Das palavras do Senhor Jesus, aprendemos que Deus é Pai, um Pai amoroso e misericordioso, que ouve o clamor dos aflitos e abandonados. A sua paterna proteção, contudo, não nos livra de sermos vítimas da falta de amor, de caridade, e de compromisso com o Evangelho de “certos cristãos”, nem nos poupa das perseguições daqueles que também se alimentam continuamente com o Pão da Eucaristia. Devemos ter a confiança de que o Senhor Jesus Cristo nos alimenta com a sua graça e a sua proximidade constante, nesta bonita e nobre missão de amar e servir o Povo de Deus, que entre alegrias, dores e pandemias, continua a sua peregrinação neste mundo para a casa do Pai.

Graças à fé, mesmo em meio às perseguições e incompreensões de alguns irmãos, nos sentimos seguros e tidos como algo de precioso nas mãos de Deus, também em meio às dificuldades, tendo no coração, e manifestando através da oração diária ao Senhor da vida, a confiança de que tudo aquilo que fizermos para proteger o dom da vida não será em vão, mesmo tendo que atravessar as tempestades provocadas pelo egoísmo e indiferença de alguns que se dizem cristãos. Lembrando que o pecado traz como herança a morte, entendida não somente em sentido físico, mas também espiritual.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB