Um passeio no deserto!

Em nossa realidade, talvez, seja difícil imaginar o deserto, lugar geográfico desolador, de clima inóspito, pouco aprazível para a vida humana; ambiente intimamente ligado ao desafio da sobrevivência, pela falta de água, pelo calor do sol durante o dia, pelo frio da noite e pelas ameaças constantes ao viajante de ser picado por animais peçonhentos, como escorpiões e serpentes.

Mas é esse lugar, de passagem, de tentação, de perigo, que num primeiro momento pode ser visto como espaço de morte, que Deus escolhe para falar da vida e refazer a sua aliança com o seu povo através dos profetas. O deserto, lugar solitário, torna-se, pela ação de Deus, um lugar de revelação e conversão, de vida nova para aqueles que buscam o Senhor. É do silêncio do deserto que renasce a esperança na vida daqueles que, em Israel, esperavam a vinda do Messias. João Batista é o homem do deserto e da água. A água é por excelência o sinal de vida; o deserto é o lugar do silêncio onde a única voz que se ouve é aquela do vento batendo nas rochas. Foi este cenário que Deus escolheu para falar ao seu povo. No Sinai, Deus concluiu uma aliança e doou a Lei. Também escolheu a água para exprimir o novo nascimento do ser humano. Não foi por acaso que Ele escolheu o deserto para fazer um pacto de amor com o seu povo apenas libertado da escravidão no Egito. E é no deserto que João Batista anuncia a nova aliança. É um anúncio feito com paixão e sobriedade, que derruba as falsas seguranças de quem quer viver sem fé, sem a paixão da conversão, que leva a descobrir a força do amor, no encontro com o Senhor da vida.

Neste tempo de Advento, cada um de nós é chamado a tomar posição a respeito do Messias que vem, para celebrar o Santo Natal. Não podemos preparar a árvore do Natal sem preparar a alma, a nossa casa interior, não podemos preparar o presépio, sem abrir espaço no coração para acolher Jesus, que busca um lugar para fazer morada. Somos convidados, neste tempo de Advento, a realizar a preparação do Santo Natal, através da casa interior, a nossa alma, o lugar onde habitamos, procurando ajudar a nossa família a reencontrar o caminho do diálogo, do perdão e da reconciliação. Assim é possível cada um escutar a voz do deserto, que fala da vida, do amor verdadeiro, manifestado em pequenos gestos que nascem do coração e falam da ternura, da misericórdia e do amor de Deus.

Tende todos um bom domingo.

 

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