Uma Igreja Sinodal, Missionária e Ministerial
Vivemos na Igreja um bonito processo sinodal que traz uma visão positiva da participação de todos os batizados na ação missionária. Nesta visão de Igreja não há oposição entre os ministérios ordenados e os não ordenados. Todos por vocação batismal devem atuar em vista de um mesmo fim: o anúncio do Reino de Deus.
O contínuo exercício para acolher o Concílio Vaticano II tem gradativamente levado ao reconhecimento da dignidade batismal como fundamento da participação de todos na vida da Igreja. Há um sincero desejo de superar uma visão que reserva somente aos Ministros ordenados (Bispos, Presbíteros, Diáconos) todas as funções ativas na Igreja, reduzindo a participação dos leigos e leigas a uma colaboração subordinada. O Batismo é a fonte de todas as vocações e ninguém deve sentir-se menosprezado ou supervalorizado. Todas as vocações e ministérios “ordenam-se mutuamente um ao outro, pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG 10).
A experiência de caminhar juntos na Igreja Diocesana viabiliza o surgimento de novos ministérios. A Igreja local é chamada a discernir quais os carismas e ministérios que são necessários para a evangelização em sua realidade. É necessário dar um novo impulso à participação especial dos Leigos na evangelização, nos vários âmbitos da vida social, cultural, econômica e política. A fé cristã deve atingir o homem todo e todos os homens.
É bonito perceber que há uma infinidade de ministérios que brotam da vocação batismal: ministérios espontâneos, alguns ministérios reconhecidos que não são instituídos, e outros que, através da instituição, recebem formação específica, missão e estabilidade. Crescer, como Igreja sinodal, significa discernir juntos os ministérios que devem ser criados ou promovidos à luz dos sinais dos tempos, como resposta da Igreja a serviço do mundo.
O Papa Francisco insiste numa Igreja missionária, pois ela existe para a missão. A Igreja é missionária por sua própria natureza (AG 2). E sua missão é a mesma de Jesus: “tornar o Reino de Deus presente no mundo” (EG 176). Ser missionária significa “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).
A palavra que não quer calar é MISSÃO. Francisco fala de “Igreja em saída” e retoma o processo de renovação conciliar que fala da Igreja como “sacramento de salvação” ou “sinal e instrumento do Reino de Deus” no mundo (LG 48). Ao falar de “saída para as periferias”, insiste no “lugar privilegiado dos pobres no povo de Deus” (EG 197-201). “A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica dos pobres e a colocá-los no centro do caminho da Igreja” (EG 198). Este é o cerne da “transformação missionária da Igreja” de que fala Francisco. Trata-se de “voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho” (EG 11).
Como poderemos avançar na Igreja para sermos mais missionários, com espaços para que se realizem todas as vocações, carismas e ministérios de todos os Batizados? Eis nosso desafio.
Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana