Uma reflexão pré-eleitoral

Como todos sabem, já temos a Lei da ficha limpa. Isto já é um bom sinal. Parece que agora teremos sempre mais seriedade em nossas eleições, já que aqueles identificados com a corrupção, com a compra de votos e com outros processos, não poderão mais se candidatar.
Nós gostaríamos de ter homens públicos honestos e capazes de assumir um cargo político, mais por um ideal do que para enriquecer, mais com o desejo de colaborar com a cidadania do que em explorá-la. Neste sentido é interessante ler o que a segunda leitura deste domingo recomenda a todos os católicos: “Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena” (1 Tim 2,1-2).No antigo Testamento, o Profeta Amós já se encontrava com a corrupção, especialmente no comércio onde constatava homens e mulheres prontos para: “diminuir medidas, aumentar pesos, adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr a venda o refugo do trigo…” (Am 8,5-6).

Mas a maior prova de corrupção, no tempo de Jesus, é a parábola que ele nos conta, no evangelho deste domingo. É o administrador demitido, que, antes de sair do emprego, ainda aproveita os direitos de seu cargo para roubar abertamente e favorecer aos devedores de seu patrão: diminui a dívida de todos, para que, mais tarde, fossem também bons e agradecidos para com ele. Por fim conclui: “E o senhor elogiou o administrador desonesto porque ele agiu com esperteza; com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” (Lc 16, 8).

Nós sabemos que esta esperteza continua até os dias de hoje. Certamente tornaram-se mais espertos ainda. Muitos políticos pensam só nas futuras eleições, canalizam todos os seus recursos, as verbas públicas disponíveis, os favores que prestam e as iniciativas que tomam, sempre procurando já preparar o caminho da próxima eleição. E como é que se explicam estas grandes fortunas que são gastas na propaganda eleitoral? – Certamente, alguém está financiando tudo isto. E nestas duas semanas que ainda faltam para as eleições, é bom que todos, à luz do evangelho, questionam estas práticas.

 

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