Valorizar e agradecer

Estamos vivendo um momento histórico, marcado pela dor da perda de milhares de vidas por causa da pandemia provocada pelo COVID19, e não podemos ignorar que este fato está tocando a vida das pessoas e deixando cicatrizes nas famílias e na sociedade.

Quando falamos em isolamento social, devemos ter presente toda a realidade que envolve o ser humano, no contexto familiar e social, sem esquecermos o mundo do trabalho e os desdobramentos que o efeito da pandemia está trazendo para a sociedade como um todo. Sem um olhar amplo sobre o que está acontecendo não conseguimos enxergar os efeitos da pandemia na vida daqueles que estão em situação de risco pela idade, mas que afeta também as crianças, os jovens, as famílias, os trabalhadores e empreendedores.

Podemos viver um isolamento social marcado pelo rancor e a indiferença, sem percebermos todo o empenho que está sendo feito para cuidar da vida, pelas autoridades públicas, pelos profissionais que atuam na área de saúde, mas também por milhares de voluntários envolvidos numa corrente de solidariedade e caridade, para assistir os que estão passando por necessidades. Creio ser importante para cada um de nós, mas também para a sociedade, não nos deixar envolver pela pandemia do pessimismo, do negacionismo ou da indiferença, mas mantermos os olhos da mente e do coração bem abertos para a realidade que estamos vivendo.

Como Igreja, comunidade de fé, colocamos diante do Senhor da vida, do tempo e da história a nossa realidade, sem deixarmos de celebrar neste final de semana o dia dos avós, dos agricultores, dos motoristas e dos escritores. Queremos manifestar nossa gratidão aos avós, porque são portadores da memória viva das famílias e das comunidades; aos agricultores, pelo amor à terra e pela esperança que os move a semear os campos em cada estação; aos motoristas, que continuam percorrendo as estradas deste imenso país, proporcionando o abastecimento mesmo em tempo de pandemia; aos escritores, porque através de suas obras podem construir pontes entre a realidade do presente e as gerações futuras, ajudando a humanidade a manter viva a sua história, construída a partir do conhecimento, mas também a partir dos fatos que nos marcam e nos confrontam com aquilo que ainda não conhecemos.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB