Venha a nós o vosso Reino

Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina a rezar: “Venha a nós o vosso Reino…” (cf. Mt 6,9-15; Lc 11,2-4). Ensina-nos a pedir a pertença ao Reino de Deus. Para Jesus, o elemento principal sempre foi o Reino de Deus: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33).

O Reino de Deus implica um mundo novo em que o mal e o sofrimento são vencidos, onde prevalecem a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo (cf. Rm 14,17). Jesus fez que sua missão fosse proclamar o Reino e o fez de forma muito intensa e fervorosa, anunciando-o de várias maneiras, demonstrando atitudes de misericórdia, de caridade e com muitas curas, milagres e parábolas. Dirigiu insistentes convites para entrar no Reino (cf. Lc 13,24).

E quando Jesus anuncia a chegada do Reino, encontra muitos seguidores, pois vai ao encontro da tradição, construída por séculos através do Antigo Testamento (cf. Lc 24,44).

Jesus veio a este mundo, enviado pelo Pai, com um Projeto: “Cristo estabeleceu o Reino de Deus na terra, manifestou com obras e palavras ao Pai e a Si mesmo, e levou a cabo a Sua obra com a Sua morte, ressurreição, e gloriosa ascensão, e com o envio do Espírito Santo” (DV, n. 17).

Jesus anuncia que o Reino de Deus começa neste mundo, mas sua finalidade não é aqui, por isso fala da Parusia (cf. Mc 9,1), mas também proclama a grande novidade de que o Reino irrompe e atua já, agora, hoje (cf. Mt 12,28; Lc 17,20-21). Esta última citação é muito clara: O Reino já está no meio de vós. Através de parábolas Jesus ajuda seus discípulos a entenderem a realidade do Reino “como a semente depositada na terra” (cf. Mt 13,3-9; 13,18-23), que crescerá por seu próprio poder como o grão (cf. Mc 6-29). Estas sementes somos nós e devemos crescer e gerar muitos frutos: “um produz cem, outro, sessenta, e outro trinta” (Mt 13,23). Mas, para isso, precisamos buscar, confiar e praticar as revelações da Boa-Nova.

Jesus confiou a continuidade do Projeto do Reino de Deus a seus discípulos: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28,19-20).

É, portanto, missão da Igreja dar continuidade ao Projeto do Reino de Deus. Está no Catecismo da Igreja Católica: “A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico” (CIgC, n. 150).

A Igreja, ao pregar o Evangelho, tem a missão de iluminar todos os setores da atividade humana, o que inclui respeitar e promover a liberdade política e a responsabilidade dos cidadãos (cf. GS, nn. 42 e 76).

O papa São Paulo VI diz que a Igreja é perita em humanidade (PP, n.13), por isso, sua missão é inserir o fermento do Evangelho em todos os campos da humanidade. Todos os batizados, que são a Igreja, existem para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14). Eis a missão de todos nós que pedimos a vinda do Reino de Deus, cada vez que rezamos o Pai Nosso.

Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana