Viver e saber esperar com esperança

Iniciamos o mês de novembro fazendo memória dos nossos entes queridos que concluíram a sua jornada neste mundo, deixando um vazio no nosso coração, para não dizer um sentimento de impotência, incompreensão e, às vezes, até de não aceitação dos fatos ou de certas situações que tiraram de forma repentina e inesperada a vida de pessoas a quem estávamos ligados afetivamente por laços familiares ou por amizade.

O Senhor Jesus, no texto do Evangelho escrito por São Mateus (Mt 25,1-13), nos fala do final dos tempos, da sua vinda definitiva e de uma espera indefinida. O mais importante é que tudo depende de quanto cada um está preparado para essa longa espera. Por isso a importância de nos mantermos vigilantes, porque não sabemos a hora em que o Senhor nos chama. O estar vigilante é um modo que temos para viver a nossa fé de forma responsável e responder ao convite às núpcias que a sabedoria de Deus nos oferece.

O cristão, na sua peregrinação para a casa do Pai, jamais poderá deixar de estar atento, de lutar e resistir àquilo que o impede de acolher o Senhor em sua vida, ou é um empecilho à vivência dos valores do Evangelho. Quando, no nosso dia a dia, sentimos sede de Deus, é algo muito positivo, porque significa que não nos resignamos à indiferença, à apatia ou ao desânimo. Somente quem tem essa sede de Deus pode vigiar ou ficar à espera indefinida da sua vinda, lembrando que é o amor que nos mantém acordados e vigilantes.

Penso que no coração de cada pessoa está presente o desejo de viver, por mais duras que sejam as suas condições sociais. Não só viver, mas viver em um mundo onde reina a paz, o amor, o diálogo, a acolhida, mesmo num ambiente marcado por tantas formas de violência, que levam a vida a ser vivida na incerteza e na fragilidade do dia a dia. Tenhamos presente que a palavra de Deus não esmorece, nem perde a sua força diante de tantos sinais de morte que marcam a nossa sociedade, ela nos convida a sermos otimistas e a nos empenhar na construção de um mundo novo com altruísmo, responsabilidade e esperança.

Os cristãos, diante da morte, por mais dolorida que seja a separação das pessoas que amam, devem procurar viver sempre com esperança, acreditando no Senhor ressuscitado que nos contagia com a sua vida, e nos promete que nos encontraremos todos juntos no reino da vida.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB