Vocês serão o meu povo

Depois que os nossos primeiros pais pecaram, Deus prometeu a eles um Salvador que viria e os libertaria da escravidão do demônio. Muitos séculos depois, Deus chamou Abraão para ser o pai de uma grande nação. Todas as nações da terra seriam abençoadas por meio dele. Quatrocentos anos depois, Deus tirou os seus descendentes da escravidão no Egito e os conduziu pela mão de Moisés à terra de Israel, que Ele havia prometido ao patriarca Abraão. Ele fez uma aliança com eles no deserto do Sinai. A Aliança fundamentava-se no seguinte princípio: eles serão o seu povo, e Deus os protegerá entre todos os povos da terra. O povo jurou cumprir a Lei que o Senhor lhes dera por meio de Moisés.

Deus, durante séculos, os ensinou, por meio de Moisés e dos profetas, preparando-os para a vinda do Messias prometido. O Messias sairia deste povo para levar a sua luz a todos os povos da terra, assim como Deus tinha prometido a Abraão.

Porém, a realidade foi muito diferente. O povo, muitas vezes, foi infiel à Aliança. O cativeiro na Babilônia teve a intenção de purificá-lo. Então o Senhor anunciou uma Nova e definitiva Aliança por meio dos profetas. Ele derramará água viva sobre eles e escreverá sua Lei em seus corações.

Jesus, novo Moisés, veio para realizar este anúncio, nos limpar com seu sangue e santificar nossas almas através da água do Batismo. Ele é o Mediador da Nova Aliança eterna e o fundador do novo povo de Deus, sua Igreja. Através do Batismo, somos reconciliados com Deus no sangue de Jesus e nos tornamos parte de sua Igreja. Ele se entregou por ela para torná-la santa e imaculada aos seus olhos (Efésios 5:25-26). No Credo dizemos: Creio na Santa Igreja Católica.

De fato, a Igreja formada por nós, pecadores, é santa. Ela tem em si uma fonte de Graça, e é guiada e santificada pelo Espírito Santo, que transforma os corações dos seus membros. Ela é composta dos santos do céu que alcançaram já a sua meta, das almas do purgatório que estão sendo purificadas dos restos do pecado e de nós, que na terra, fundamentados na graça do Batismo, lutamos na busca da santidade.

Nós somos, de fato, o Povo Santo de Deus, como disse São Pedro: “Mas vocês são uma geração eleita, um nobre sacerdócio, um povo santo, um povo eleito de Deus, proclamando o Senhor que os chamou das trevas, cujas virtudes entram em luz admirável”.

Algumas pessoas só olham para os erros dos cristãos, mas não percebem a santidade da Igreja. Felizmente a Igreja acolhe a nós, pecadores, caso contrário, não existiria um caminho para a salvação. O que nunca podemos fazer é o descansar em nossos pecados. Temos que trabalhar e lutar sempre combatê-los, contando sempre com a Graça de Deus.

Jesus, como nos diz o Evangelho de hoje (Mateus 9,36-10,8) escolheu os doze Apóstolos para caminhar com Ele e os preparou para a missão de anunciar o Evangelho a todos os povos. Escolheu pessoas com defeitos. Um deles até mesmo o traiu. O Senhor sabia disso e quer nos ensinar a encontrá-lo, especialmente naqueles que Ele colocou à frente da Igreja, através dos tempos, e que também devem lutar para serem santos.

Jesus não se negou a escolher pessoas imperfeitas. Ele nos pede para rezar uns pelos outros. O verdadeiro cristão não atira pedras nos outros. A Igreja condena os erros, sejam eles quais forem, mas ama as pessoas que erram e concede-lhes sempre o perdão de Deus, desde que se arrependam e se proponham a mudar de vida.

Jesus confiou sua autoridade divina aos apóstolos e seus sucessores até o fim do mundo: ensinar seu Evangelho, santificar as almas com a Eucaristia e outros Sacramentos e guiar em seu nome e autoridade. A Igreja de Cristo é a Igreja Apostólica. Baseia-se em Pedro e nos Apóstolos. Só através da Igreja podemos encontrar a Salvação em Cristo.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen