Vós também ficai preparados
“Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”, o Senhor nos diz hoje no Evangelho (Lucas 12:32-48). Somos chamados a viver em comunhão com Deus, na sua Graça. Somos convidados a manter a luz da fé acesa. E cuidar de que nossos rins estejam cingidos, cuidando de nosso “treinamento espiritual” diariamente, para mantermos um bom relacionamento com Deus e para que nossa vida adquira um autêntico sentido. Vale a pena! Aproveitemos esta Santa Missa dominical para reavivar nossa esperança e renovar o desejo de cuidarmos daquilo que é o mais importante de nossas vidas: cuidar das coisas de Deus.
A glória do céu que o Senhor nos promete é o desenvolvimento da vida da Graça na terra. “Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá.” O Senhor preparou um banquete de felicidade para nós, e Ele quer que nos sentemos à sua mesa e compartilhemos de sua alegria para sempre. A vestimenta para entrar é a Graça de Deus, esta Graça divina que Ele mesmo nos revestiu para participar ainda imperfeitamente de sua vida, já na terra. Assim como o ferro lançado no fogo se torna fogo, nossas almas, pela Graça, são imersas em Deus e a Ele unidas vitalmente. No entanto, guardamos este tesouro em vasos de barro. Devemos estar sempre vigilantes, lembrando como, infelizmente é fácil cair no pecado e perder a Deus e a sua Graça.
Por isso é que somos convocados a esta luta diária para evitar coisas que possam ofender a Deus e a usarmos tudo o que for necessário para preservar e desenvolver em nós a Graça. Os principais meios para isso são o Sacramento da Penitência e a recepção da Comunhão frequente, unidos à vida de oração e de abnegação generosa para com o nosso próximo. Esta é a vigilância que o Senhor nos lembra hoje. Vigilância quer dizer luta contra o poder do demônio, que busca nos separar de Deus. É uma luta sobrenatural.
Através da vida sobrenatural, também Deus nos faz adquir as chamadas virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Eles são presentes de Deus que devemos valorizar e cuidar.
A 2a Leitura de hoje (Hebreus 11:1-2, 8-19) é uma homenagem a Abraão e aos patriarcas de Israel. Abraão é um modelo de fé. Ele confiou no que Deus lhe disse, embora fosse difícil para sua razão e experiência aceitar isso. Como ele poderia ser o pai de uma grande nação se ele e sua esposa eram velhos e não tinham filhos até então? Como ele poderia ter a terra de Canaã, já que naquele tempo ela era ocupada por incontáveis povos? Abraão acreditou completamente em Deus. O Senhor o fez esperar por muitos anos. Sua fé repousava em sua esperança de não apenas herdar a terra de Israel, mas também de alcançar a terra prometida do céu. Suas crenças eram mais que uma atitude intelectual. Isso se mostra em sua vida, em seu heroísmo em cumprir a vontade de Deus, mesmo quando Ele parece pedir o impossível, como o sacrificar seu único filho.
A fé de Abraão deve nos inspirar: como ele, é preciso deixar de lado o que nos é humanamente importante e colocar nossa esperança em Deus, porque queremos ter um tesouro no céu.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen