Entrevista Especial: Dom José Gislon avalia quadriênio 2019-2023
Dom José Gislon responde a entrevista da série especial com a Presidência Regional e avalia os últimos quatro anos de gestão.
O Regional Sul 3 deve eleger em breve a próxima Presidência para a gestão 2023-2027 mas, enquanto isso, apresentamos a entrevista especial com dom José Gislon, bispo diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3.
Na conversa, dom Gislon ressalta os desafios da pandemia, o avanço da utilização dos meios de comunicação e das redes sociais e a importância e beleza da visita ad limina, realizada no último ano pelo episcopado gaúcho. Dom José fala ainda sobre o processo sinodal na Igreja no Rio Grande do Sul e o necessário compromisso com uma Igreja verdadeiramente em saída.
Confira na íntegra:
Quais os maiores desafios e alegrias de ser Presidente do Regional durante este quadriênio?
Creio que os maiores desafios foram conciliar a agenda de compromissos na Diocese de Caxias do Sul, que assumi em 2019, com as demandas do Regional Sul 3. Foi um tempo de muitas provações, para a sociedade e a Igreja Povo de Deus, por causa da pandemia do COVID19 e da polarização política, que deixaram marcas na sociedade. Mas não devemos jamais perder a esperança e nos alegrarmos, com os gestos de amor, solidariedade e compaixão, presentes no coração de um povo peregrino, que nos passos da vida, escreve a sua história.
Na sua opinião, quais foram as grandes marcas destes quatro anos para a Igreja no Rio Grande do Sul?
A maior marca da Igreja no Rio Grande do Sul, nesses quatro anos, foi ter passado pela dura provação da pandemia, que colocou à prova o nosso modelo de comunidade de fé, de sustentação da Igreja através das festas, que não podiam ser realizadas. O sair do ‘sempre se fez assim’, o reinventar-se para responder a uma necessidade concreta, mas também mobilizar o povo para a partilha e a solidariedade, diante da fome que tocou a vida de milhares de pessoas também no nosso Rio Grande do Sul. Além do grande esforço do clero, de aprender a utilizar os novos Meios de Comunicação Social ou plataformas digitais, para evangelizar e manter contato com os paroquianos. Um outro ponto muito importante nesse quadriênio, foi a graça de podermos fazer a visita Ad Limina, logo após a pandemia. Creio que foi um marco importante na vida de todos os irmãos do episcopado, principalmente para aqueles que viveram essa experiência pela primeira vez. A simplicidade, a acolhida e o encontro fraterno com o Santo Padre, o Papa Francisco, penso que ficou marcado no coração e para a vida de cada um de nós.
Nestes quatro anos, o que o processo sinodal indicou à Igreja do RS?
O processo Sinodal nos faz olhar a Igreja e a sua missão, não a partir do nosso pequeno mundo, das nossas seguranças, do nosso passado de glória. Ele nos ajuda a olharmos para novos horizontes, a partir do processo da escuta. Nele podemos sentir a voz do povo de Deus, expressar suas angústias e esperanças, diante de um mundo em transformação, de perda de valores evangélicos em relação à família, o sentido de comunidade de fé e a tantos outros pontos, que tocam a realidade da vida. Mas também podemos perceber na caminhada Sinodal a sede de protagonismo dos nossos leigos e leigas na missão evangelizadora da Igreja. Sombras, luzes e esperança.
Que luzes as DGAE 2019-2023 apontam à Igreja Gaúcha?
As DGAE de 2019-2023 de certa forma tocaram aquilo que é a medula da ação da Igreja na realidade de hoje: Ajudar os católicos a acolherem no coração e para a vida, a força do pão da Palavra de Deus, que transforma e gera vida nova em Cristo Jesus. Mas também o pão da Eucaristia, sinal visível de presença do Ressuscitado que caminha conosco. Numa realidade de tantos feridos pelas mazelas sociais, não seriamos Igreja de Cristo, sem ensinarmos o nosso povo a partilhar o pão da caridade, tendo no coração o compromisso da missionariedade, que mantém viva a chama do anúncio do Evangelho.
Ao olhar para este quadriênio que passou, o que o senhor salienta?
Que valeu a pena cada passo dado, mesmo tendo que, muitas vezes, colocar diante do Senhor, no silêncio do coração, as lágrimas do povo de Deus, tocado pela dor da morte pela perda de familiares, do emprego, etc. Vejo com alegria e esperança a retomada da vida de fé em comunidade e o despertar de novas lideranças. A comunhão e a fraternidade dos bispos do nosso Regional Sul 3 foi, e deve continuar sendo, um sinal de comunhão com o sucessor do Apóstolo Pedro, o Santo Padre o Papa Francisco, mas também uma expressão de amor do Cristo Pastor, no cuidado pastoral do nosso querido Povo de Deus que está no Rio Grande do Sul.
Confira a entrevista com dom Rodolfo Weber, Vice-Presidente do Regional e com dom Adilson Pedro Busin, Secretário da Presidência 2019-2023.
CNBB Sul 3