Fraternidade O Caminho inicia trabalho com moradores de rua em Porto Alegre
Arquidiocese de Porto Alegre – Quem passa pelo viaduto Otávio Rocha, no Centro de Porto Alegre, em uma quinta-feira à noite, pode estranhar um movimento diferente. Com vestes semelhantes às que caracterizavam Santa Clara e São Francisco de Assis, as religiosas da Fraternidade O Caminho acolhem moradores de rua, dando-lhes atenção e um prato de comida. “Eles têm muitas necessidades físicas, por exemplo, a fome. Mas a maior fome deles é a de atenção. Eles querem falar, serem ouvidos, muito mais do que um prato de comida”, diz Irmã Teresa.
Neste mês das vocações, a Fraternidade O Caminho pode simbolizar bem a vocação que encoraja tantos religiosos e religiosas, no mundo todo, às mais diversas causas, guiados pelo Evangelho de Jesus Cristo. Com a missão de dar apoio social a moradores de rua, a Fraternidade O Caminho chegou em Porto Alegre em março deste ano com a abertura de uma casa na zona norte (Rua Padre Jorge Sedelmayr, 90 – Vila Ipiranga).
Além do trabalho na rua, as consagradas abrem as portas da residência, cedida pelos Vicentinos, de segunda a quinta-feira, com horários fixos para o café da manhã (das 9h30 às 10h30) e almoço (das 12h30 às 13h30), além de um horário para banho, uma vez por semana. Também são realizadas abordagens à noite, todas as quintas-feiras, em especial no Centro da capital, onde há grande concentração de moradores de rua.
A missão
O grupo de seis religiosas tem representantes de diferentes estados brasileiros, inclusive de outros países, e a mais nova tem apenas 21 anos de idade. As Irmãs, que vivem em total despojamento, contam com o apoio da comunidade, de parceiros e de voluntários que fornecem mão de obra, transporte, doações entre outros auxílios. À noite realizam as abordagens levando agasalhos, alimentação e escuta. “Nós saímos para evangelizar os moradores de rua, mas nós retornamos também mais evangelizadas porque Deus fala através deles e torna essas experiências, essas partilhas, muito especiais. Quando saímos ao encontro do outro, o que era um fardo se torna leve”, conta a religiosa. (Fotos: Patricia Damaceno e arquivo)
Nas terças e quintas-feiras, às 7h30, são realizadas missas abertas à comunidade, na casa localizada na Vila Ipiranga, assim como os horários de adoração, que podem ser vivenciados de segunda a quinta. “Nosso objetivo principal não é a abordagem, mas tirar os filhos da rua, e dar a oportunidade para que tenham uma vida digna”, ressaltou Irmã Karis de Jesus Abandonado, pjc, que faleceu aos 31 anos, poucos meses depois de sua chegada a Porto Alegre, após um infarto.
A Fraternidade segue solicitando o apoio da comunidade e de parceiros, que podem entrar em contato pelo telefone (51) 3307-6379 ou visitando a casa pessoalmente para auxiliar tanto com recursos e doações em geral, quanto com mão de obra. No dia 26 de agosto, as Irmãs realizam o Dia Vocacional, na casa da fraternidade, a partir das 8h. Na ocasião serão realizadas palestras sobre o Chamado de Deus e a história da Fraternidade O Caminho, além da apresentação de vídeos vocacionais e a realização de dinâmicas em grupo. Para participar é preciso entrar em contato pelo telefone e realizar a inscrição, para a qual será cobrado o valor de R$ 5.
História
A Fraternidade O Caminho foi fundada pelo Padre Gilson Sobreiro e a Irmã Serva das Chagas Ocultas, em São Paulo, em 23 de outubro de 2001, após a participação de ambos em um encontro de recuperação para jovens usuários de drogas. Após alguns anos, a fraternidade alugou uma casa, em Santo Amaro, onde foi iniciado o atendimento aos pobres e dependentes químicos, e hoje é um lar de idosos em situação de abandono. Atualmente são mais de 60 casas distribuídas pelo Brasil e outras em mais 9 países, num total de 500 religiosos (entre freis e irmãs professos).
Dados divulgados pela UFRGS e Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania), após pesquisa realizada em 2016, indicaram que 2.115 pessoas viviam em situação de rua, na capital, naquele ano.
“Os pobres nos seus múltiplos rostos são os destinatários da nossa missão. Eles precisam saber que são amados por Deus e a nossa consagração é a maneira concreta pela qual eles experimentarão este amor”.
(Cf. NF 3.6, missão)