Transfiguração do Senhor

Dom Antônio Carlos Rossi Keller  – Bispo de Frederico Westphalen 

 

O profeta Daniel, no cativeiro de Babilônia, é favorecido com uma visão em que se manifesta a glória do Pai e é proclamada a glória do Filho, igualmente Deus. É o que nos diz a 1ª Leitura desta Festa que hoje celebramos (Daniel 7,9-10.13-14).

Embora o Mistério da Santíssima Trindade ainda não tivesse sido revelado, à luz do Novo Testamento — na plenitude da revelação — compreende-se que este texto do Antigo Testamento se refira a Ele.

Revela-se nesta visão algo sobre a verdade de Deus. É como se o Senhor nos concedesse a graça de lançar um rápido olhar para as realidades que estão para além deste mundo sensível.

É como se Ele nos concedesse a graça de olhar, por instantes, para dentro do Céu.

Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura.”

No Credo, nós afirmamos: “Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do Céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”.

Deus é fundamental na nossa vida. Sem Ele, a vida não em sentido. Como, porém estamos mergulhados num mundo sensível, em que só nos comunicamos com os que estão à nossa volta pelos sentidos, facilmente nos esquecemos de todo o mundo invisível: a Santíssima Trindade, os Anjos e os bem-aventurados do Céu.

Nesta visão do profeta Daniel é figurada a santidade de Deus, pelo esplendor das vestes brancas, e a sua eternidade, nos cabelos como pura lã. Ele quis partilhar a Sua felicidade conosco e criou-nos com essa finalidade. Demos graças ao Deus eterno que tanto nos ama e façamos da nossa vida uma resposta generosa ao Senhor.

No Evangelho da Transfiguração (Mateus 17,1-9) vemos como Jesus levou Pedro, Tiago e João, em particular, “a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”.

Para que eles não ficassem escandalizados ao contemplar Jesus na Sua Paixão e não fosse abalada a sua fé em Jesus Cristo, Ele chama três dos Apóstolos para testemunhar a Sua glorificação.

O Mestre quer fazer deles testemunhas corajosas da Ressurreição gloriosa. Na manhã do Domingo de Páscoa, os três devem ter-se recordado da glória do Tabor, quando viram Cristo ressuscitado.

Este mistério de fé é muito importante. Se não estivéssemos firmes na fé na Ressurreição de Jesus, a nossa vida não teria sentido. “E se Cristo não ressuscitou, também nós não ressuscitamos”, exclama S. Paulo. A ser assim, seria vã a nossa fé.

A celebração de cada Domingo é este encontro com Jesus Cristo no Tabor. Entramos na Igreja e ficamos fisicamente separados de todas as preocupações da vida de cada dia e aqui convivemos com Ele na glória. Como é bom estar com o Senhor a cada Domingo, na Santa Missa.

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