Ato ecumênico convida cristãos a passarem do conflito à comunhão
Centenas de cristãos participaram da celebração nesta quinta-feira à noite. Foto: Amanda Fetzner Efrom
A liturgia, baseada na celebração que no ano passado reuniu o Papa Francisco e o presidente da Federação Luterana Mundial, Bispo Munib A. Younan, trouxe diversos pontos do documento “Do Conflito à Comunhão”, no qual as igrejas concordam que as diferenças não são impedimentos para que possam dar um testemunho em conjunto. “No século XVI, católicos e luteranos frequentemente não apenas entenderam mal, mas também exageraram e caricaturizaram seus oponentes para expô-los ao ridículos. Repetidas vezes violaram o oitavo mandamento que proíbe levantar falso testemunho contra seu próximo”, diz o documento.
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Marcaram presença no ato ecumênico dezenas de autoridades religiosas, entre elas o presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Nestor Paulo Friedrich, a vice-presidente da IECLB, pastora Sílvia Beatrice Genz, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Francisco Biasin, e o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que presidiram a celebração.
“Ao longo das últimas décadas estivemos em diálogo uns com os outros e neste diálogo tivemos inúmeros frutos positivos, entre os quais se destaca o reconhecimento público do batismo ministrado pelas comunidades filiadas aos nossos corpos eclesiásticos”, ressaltou pastor Nestor. Lembrando a leitura do Evangelho de São João, o presidente da IECLB destacou Jesus como a videira verdadeira. “A frutificação da vida cristã está intrinsecamente vinculada à permanência na videira, no olhar para Jesus Cristo. A contemplação de si mesmo, o isolamento, o distanciamento são danosos e conduzem para a tragédia da poda”, observou. O pastor enfatizou ainda que vivemos um tempo que conspira contra a esperança e a fé cristã. “Vivemos momentos de muito confronto, há muita polarização religiosa e política. Crescem assustadoramente os gestos de intolerância religiosa, de agressividade, de violência. Na contramão dessa realidade, como pessoas irmanadas a partir do batismo, somos chamados ao testemunho de paz.”
Dom Francisco Biasin primeiro leu a saudação enviada pela CNBB, que renovou o empenho em viver a declaração luterano-católica e enfatizou a importância de os cristãos testemunharem juntos o Evangelho de Jesus Cristo, à disposição da Palavra de Deus. “A unidade não é para nós, é para o mundo. Ela será força para um anúncio transformador de todos os relacionamentos humanos e de todas as estruturas a serviço da vida, da justiça e da paz”, enfatizou o bispo católico. “Somos interpelados e chamados a responder de forma incisiva, e nossa resposta terá uma ressonância muito maior se falarmos e agirmos como irmãos e irmãos, de tal forma que todos possam facilmente reconhecer que, mesmo nas diferenças que nos caracterizam, estamos fundamentalmente unidos pelo Evangelho”, completou.
A celebração foi marcada pela participação de jovens e crianças, por um abraço da paz e o Pai-Nosso de mãos dadas. Entre os cânticos e orações, os cinco imperativos listados no documento “Do Conflito à Comunhão” foram assumidos como compromissos. O relatório propõe, por exemplo, que católicos e luteranos partam sempre da perspectiva da unidade e não da divisão, que deixem se transformar pelo encontro com o outro e pelo testemunho da fé, redescubram a força do Evangelho de Jesus Cristo no tempo atual e deem testemunho da misericórdia de Deus.
Por Amanda Fetzner Efrom, Jornalista – Arquidiocese de Porto Alegre