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Caminhar na vida à luz da fé

Jesus vem a este mundo chamar os fracos, os doentes, aqueles que necessitam da salvação de Deus, ou seja, a todos nós.

Para nós trata-se de trilhar um caminho nada fácil de ser percorrido, que é o caminho da fé. A exigência para percorrer este caminho é o desapegar-se das amarras opressoras, renunciar à lógica da carne e às seguranças humanas, que prendem o coração, para confiar-se totalmente a Deus.

O pluralismo exacerbado de ideias, a velocidade das mudanças tecnológicas, a expansão da mentalidade de consumo, as instabilidades políticas e sociais, as visões errôneas no que diz respeito à sexualidade e tantos outros elementos característicos de uma época afundada em uma profunda crise de sentido, tem levado tanta gente a perder o rumo da vida, embarcando em concepções ideológicas destruidoras não somente da essência do ser humano, mas impedindo a possibilidade de uma visão correta do sentido da sua dependência de Deus.

A carência da autêntica fé tem levado o homem de hoje à dissolução dos valores religiosos, já que a grande tentação é a de colocar o homem como centro do mundo, “libertando-o” de sua dependência para com Deus.

Neste sentido, mais do que nunca, hoje exige-se do cristão a coerência entre fé e vida, uma fé enraizada na Palavra de Deus e nas convicções pessoais levadas ao extremo da fidelidade e do testemunho.

Para tanto, nós cristãos somos chamados a viver e a percorrer um itinerário de fé que se alimenta de uma profunda vida sacramental, que nos leve a uma união vital com Deus, bem como a um apostolado incessante e determinado entre nossos irmãos, no meio do mundo.

A 1a Leitura deste Domingo (Jeremias 31,7-9) nos fala da alegria do profeta em poder anunciar coisas boas para o povo de Deus, não somente castigos e desgraças. Fala da volta dos exilados, apresentando este acontecimento como algo querido por Deus. Voltarão para a Terra da Promessa em um pequeno resto, reunido por Deus, para continuar a história da salvação. Este “resto de Israel” é composto por pessoas humildes e pobres, mas que são o objeto de um amor de predileção por parte de Deus.

No texto da 2a Leitura (Hebreus 5,1-6) encontramos as condições elencadas para aqueles que se tornarão sacerdotes, em Cristo: por terem origem humana, devem ter a capacidade da compaixão pelos irmãos que estão no erro. O ministério não é algo que se recebe para si, mas para ser um intermediário entre Deus e os homens, oferecendo pelos demais sacrifícios de expiação. Ninguém pode outorgar-se a si mesmo esta missão. O sacerdócio é um chamado de Deus, uma vocação. A partir destes princípios, compreende-se como o grande modelo de sacerdote é Jesus. Na verdade Ele é o sacerdote da Nova Aliança, que ofereceu ao Pai um único e definitivo sacrifício, sobre o altar da cruz. Os demais sacerdotes participam deste único e suficiente sacerdócio de Cristo.

O trecho do Evangelho (Marcos 10,46-52) mostra-nos a cura do cego, imagem de toda a humanidade mergulhada nas trevas do pecado. Jesus veio para “abrir os olhos aos cegos”, ou seja, trazer a luz que liberta da obscuridade do pecado e da morte a toda a humanidade.

Nós também recebemos a iluminação da fé, a partir da ação de Jesus sobre nós no Batismo. Em cada Eucaristia que celebramos, Jesus vem ao nosso encontro, respondendo à nossa fé e dando-nos a luz que necessitamos para reconhecer seu amor e testemunhar sua vida.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen