Casa de Formação: com mais de 40 anos inicia campanha para reformas
Diocese de Rio Grande – Construída em 1976 e inaugurada pelo primeiro Bispo da Diocese, Dom Frederico Didonet, a Casa de Formação recebeu milhares de jovens e adultos, durante 42 anos, contribuindo para o despertar e o aprimoramento da fé de quem cursou MFC, Cursilho, Emaús, Nazaret, Eterna Semente, Enjo, entre outros movimentos. Nesse tempo, foram necessários alguns reparos de manutenção. Mas o atual momento pede muito mais do que isso, pede uma grande reforma em telhado, instalações elétricas e hidráulicas, esgoto e estrutura interna. Os banheiros e a cozinhas se tornaram as peças nevrálgicas do problema.
O Ecônomo da Diocese, padre Péterson Figueiredo, explica que também é preciso adequar as instalações a exigências legais como as de acessibilidade, prevenção contra incêndio e saúde; bem como transformar a cozinha industrial. A Diocese ouviu a comunidade, os movimentos e o Conselho Econômico e, diante dos fatos e das opiniões, o Bispo Diocesano Dom Ricardo Hoepers optou por suspender as atividades da casa por tempo indeterminado, até que o imóvel seja reformado.
A Casa de Formação está fechada desde janeiro. Enquanto isso, as primeiras medidas foram tomadas. “Foi realizado um orçamento junto à Cedres Engenharia e retirado o material da casa pelos movimentos. Também foi colocado alarme para a segurança. A Diocese deu entrada, na Prefeitura do Rio Grande, com processo de averbação para obter as licenças para o início da obra”, informou o padre Péterson. Ele observou ainda que tais licenças levam alguns meses para serem liberadas pelos órgãos competentes.
Além da obra estimada em mais de R$ 1 milhão, a Diocese tem uma despesa extra de R$ 25 mil por ano, com o pagamento do terreno pertencente à Marinha do Brasil. O que mantém a casa são os aluguéis do entorno. Mas com tantas despesas, a casa vai precisar da ajuda da comunidade para voltar a funcionar como todos merecem.
Reformando Nossa Casa
Para manter a capacidade entre 100 e 120 pessoas e oferecer boas condições de uso, sem infiltrações, pisos quebrados e mofo, a Diocese está lançando a campanha Reformando Nossa Casa. O coordenador da Pastoral da Comunicação, Bruno Rios, afirma: “A reforma só vai sair se tiver o empenho da comunidade e dos movimentos que vão utilizar a casa. A campanha visa a doação de recursos e o envolvimento dos que tiveram suas vidas transformadas”.
Ao visitar a Casa de Formação ao lado do padre Péterson, Bruno conferiu detalhes da capela, do refeitório, dos dormitórios e do pátio interno, recordando de retiros que o despertaram para uma nova consciência de fé. “Esta casa é a representação do que vivemos, como um templo. Rio Grande tem um ambiente próprio para isso e não pode perder”.
Para participar da campanha Reformando Nossa Casa, basta depositar qualquer valor na agência 0531 da Caixa Econômica Federal, operação 013, poupança número 11809-4. “Será uma campanha permanente, até a conclusão das obras. Quanto mais arrecadarmos, mais cedo será a entrega da casa. Os movimentos vão receber o material explicativo, para que possam disseminar essa ideia”, conclui Bruno.
O que a casa já proporcionou
Muitas são as histórias e belas são as lembranças. Os depoimentos a seguir relatam exemplos de vida e transformação na Casa de Formação:
“A Casa de Formação se torna uma das moradas do Pai para, onde nós, jovens e adultos, leigos e religiosos, quando optamos por participar de um retiro, deixamos Jesus agir em nossos corações. Não tem como passar pela casa de formação e não ser transformado, reencontrar-se com o Deus maravilhoso que, através dos movimentos e das pessoas, revela-se a nós. A Casa de Formação foi, para mim, uma estalagem que possibilitou enxergar Jesus Amor nos meus irmãos, conhecer um pouco mais sobre a igreja Católica. Com certeza, a casa tem um pedacinho de mim lá dentro. Os sentimentos que a casa me despertam me tornam uma pessoa melhor.” (Bruna Molon, 25 anos, integrante de vários movimentos jovens, ministra da Eucaristia)
“A gente ajudou a construir tudo. Nossa equipe do Cursilho ajudou a montar praticamente toda casa. Montamos as camas e eu passei verniz em todos os bancos da capela. Meu primeiro retiro do Cursilho foi feito em Porto Alegre, junto com a irmã Marilze. E eu comecei a trabalhar no 4º Cursilho no Educandário e, depois, fomos para a Casa de Formação, que tinha toda a estrutura. No total, trabalhei em cerca de 25 cursilhos. Era uma maravilha. Parecia que a gente estava no Céu. Todo mundo se dava bem. O bom era trabalhar na cozinha, junto com a Norma do Nascimento, a Elvira Fontoura, a tia Nena e outras. (Leda Maria Romeu Bordignon, 84 anos, atualmente membro de um grupo de Folcolares)
“Meu nome é Márcio, eu tenho 46 anos e esses são meus filhos Breno, de 13 anos e Davi, de seis anos. Nós vamos contar um pouco da nossa história em relação à Casa de Formação. Eu conheci a casa de Formação em 1993, quando eu tinha 21 anos. Foi através do Emaús. Eu fui fazer o retiro do Emaús e, naquele mesmo ano, a minha então namorada Viviane, hoje minha esposa, também fez. Em 2004, a minha esposa estava grávida do Breno e, em novembro, eu fui trabalhar no Emaús. O Breno estava previsto para nascer em dezembro, só que, na segunda noite eu fui chamado às pressas porque ele estava nascendo. Na hora eu fiquei bem preocupado. Mas graças a Deus, o Breno nasceu super bem e, uma semana depois, ele já estava participando de sua primeira Missa na Casa de Formação, num encontro de movimentos. A gente tem um carinho muito especial pela Casa de Formação. Eu pude, de pois, levar o Breno e o Davi também. Depois de 9 anos o Breno foi fazer o Eterna Semente. O legal de tudo isso é que hoje a gente encontra o pessoal na rua e alguns lembram do Breno, que me tirou do Emaús. Mas Deus tem os seus caminhos, tem o seus tempo, e a gente sabe disso. Então a gente espera que um dia a possa estar todo mundo junto lá na Casa de Formação. Amém.” (Márcio Bauer, 46 anos, coordenador da Pastoral Universitária)
“Meu primeiro encontro de formação foi o Cursilho 11º, no tempo do padre João Werne. Desde então, eu e meu esposo passamos a atuar, na comunidade, como catequistas de Primeira Eucaristia e, após, como catequistas de Batismo. Participamos também da décima primeira Tenda de Shallon e, graças a esses encontros realizados naquela casa abençoada, estamos até hoje a serviço de Cristo em nossa comunidade, trabalhando nas pastorais”. (Neiva Barcellos, coordenadora da Pastoral da Saúde da Diocese do Rio Grande)
“Em novembro de 1973, fui convidado pelo saudoso casal Paulo Preto e Dolores, para o 18º Cursilho de Homens da Arquidiocese de Porto Alegre. Poucos dias depois, minha esposa Suelma também participou. Esses três dias de retiro e muita reflexão, chamaram nossa atenção, entre outras atividades, duas passagens bíblicas, Mc.1, 1 e Mc. 16,15, que dizem traçai os caminhos do Senhor, aparai as suas veredas, e mais adiante, Ide por todo mundo, pregai o evangelho a todas as criaturas. Estas passagens nos convenceram da nossa responsabilidade, como cristãos, de mostrar , para o próximo, os caminhos que levam à vida. No nosso retorno fomos convidados para fazer parte de um grupo que estava pensando em trazer para a Diocese de Rio Grande, o EMAÚS – Movimento de Valores Humanos e Cristãos, destinado a jovens de ambos os sexos, da faixa etária entre 18 e 25 anos e aceitamos o convite.
Esse movimento, do Emaús, foi fundado em janeiro de 1976 e já evangelizou cerca de 3.500 jovens. Tanto o Cursilho, quanto o Emaús, Nazaré, MFC e demais movimentos de Igreja, prestam relevantes serviços à sociedade, na formação e aperfeiçoamento do ser humano.
Estamos conscientes de que nossa missão evangelizadora continua nos interpelando em meio aos desafios do relativismo, da urbanização e da permissividade do consumismo e da globalização que envolvem a nós todos e aos jovens principalmente.
Custe o que custar estamos certos que somente o revolucionário projeto de vida de Cristo, fundado no amor, transformará o homem e a sociedade, respondendo aos mais profundos anseios de nossa juventude.
É uma coisa óbvia que o crescimento, graças a Deus, desses movimentos, demandou a necessidade da existência de um local adequado para funcionamento desses interessantes e necessários encontros, que agrupam, em cada evento, um grande número de pessoas.
A principio eram realizados em diversos locais, de uma forma precária, contando com o apoio do Educandário Coração de Maria, Salesianos e outros.
Iluminado pelo Espírito Santo, um grupo de abnegados aqui de Rio Grande, projetou a construção da Casa de Formação, adequando-a ás necessidades desses tipos de encontros.
Imaginemos quantos milhares de cristãos passaram pela Casa de Formação, quantas Graças alcançadas, quantas conversões, quantos líderes estão em nossa comunidade, desenvolvendo projetos que apoiam a melhoria da qualidade de vida.
Agora a Casa de Formação está precisando de reformas, pois, com o tempo, assim como qualquer imóvel, as paredes foram perdendo o reboco, as instalações elétricas precisam ser restauradas e o encanamento já não funciona.
Considerando os relevantes serviços que a Casa de Formação prestou à nossa comunidade, e por certo continuará realizando, já está na hora de as forças vivas acordarem e, no mais curto espaço de tempo, deixá-la em condições de abrigar outros tantos encontros e cursos que já estão com datas aprazadas e tantos benefícios trazem à nossa sociedade.” (Flávio de Figueiredo, integrante e fundador de movimentos)
(Fotos dos depoimentos: Arquivo pessoal.)