Corpus Christi em tempo de Pandemia
Como celebrarmos a Solenidade do Corpo de Cristo em tempo de distanciamento social? Esse dia tradicionalmente marcado pela celebração Eucarística, onde comungamos o corpo e sangue do Senhor e em seguida saíamos em procissão pelas ruas da cidade enfeitadas artisticamente com sinais e símbolos cristãos.
Na impossibilidade de aglomeração, como viemos fazendo até aqui precisamos achar outras formas para vivenciarmos mais uma vez a presença real de Cristo nas espécies do pão e do vinho, para nós católicos, verdadeiro corpo e sangue de Cristo. Jesus passando para a casa do Pai, achou essa forma genial de marcar presença entre nós com um sinal visível.
Tudo isso é simples e maravilhoso, mas que para ser compreendido necessita uma atitude de fé na palavra de Jesus que na última ceia, tomou o pão e depois de dar graças o abençoou dizendo: “tomai e comei, isto é o meu corpo” e depois fez o mesmo com o cálice, dizendo: “tomai e bebei, isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança” e recomendou: “fazei isso em memória de mim”.
Como surgiu o costume da procissão com a hóstia consagrada? Vários fatos aconteceram como pessoas com dificuldade em crer na presença real de Cristo. A mais original e que despertou maior interesse foi o milagre de Orvieto.
Um sacerdote em peregrinação à Roma, parou na cidade para pernoitar. Na manhã seguinte, enquanto celebrava a santa missa, pediu ao Senhor que lhe tirasse as dificuldades que tinha em acreditar que Jesus estava presente na Eucaristia. Na hora em que ergueu a hóstia, esta começou a sangrar escorrendo sobre o corporal. Assustado com o fato, embrulhou a hóstia no corporal, foi para a sacristia e avisou o bispo local do acontecido. O Bispo foi e verificou que de fato sangrava e que a toalha do altar estava manchada de sangue. Ainda hoje as provas existem e podem ser vistas na Catedral de Orvieto.
Em 1317 a procissão com pão consagrado passou a ser recomendada para toda a Igreja. É uma manifestação de fé e não simples folclore, como alguém poderia pensar. O que e como fazer neste ano?
Embora as dificuldades do momento, é importante que a celebração da Santa Missa aconteça, mesmo com um grupo reduzido de fiéis.
Quanto a procissão, onde for possível, sugerimos que os sacerdotes passem com o Ostensório, em carro aberto, pelas principais ruas da paróquia abençoando as pessoas e casas de saúde onde houver. A sinalização da acolhida dessa benção deixamos à criatividade de cada família.
Para refletir: Acredito na presença real de Cristo nos sinais do pão e do vinho consagrados? Como manifesto a minha fé? Que significado tem para mim a participação na celebração eucarística e a comunhão? Costumo me aproximar do sacrário para momento de adoração e diálogo com o Senhor?
Textos bíblicos: 1Cor 10, 16-17; Jo 6, 51-58; Sl 147
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo Diocesano de Osório