Cristo: a maior esperança
A Igreja, como mãe e mestra, prepara a celebração dos mistérios de Jesus Cristo. A melhor preparação é pela liturgia eucarística, em particular a dominical. No Advento outros meios bons e úteis se somam à liturgia: o presépio e os encontros de Natal. Sobre o presépio o Papa Francisco nos escreveu a Carta Apostólica Admirabile Signum – Admirável Sinal incentivando montar o presépio, por ser um admirável sinal para anunciar o Natal.
Outra forma, é o subsídio de preparação do Natal oferecido pelo Regional Sul 3 da CNBB para 2024, com o título: CRISTO: A MAIOR ESPERANÇA. O tema foi escolhido por causa do Ano Jubilar de 2025 que tem por tema Peregrinos da Esperança; o segundo motivo são as recentes enchentes.
Duas fontes orientam o subsídio: A bula do Papa Francisco para o Jubileu Spes non confundit – a esperança não decepciona (Rm 5,5) e a carta encíclica Spe Salvi – É na esperança que fomos salvos (Rm 8,24), do Papa Bento XVI, de 30/11/2007.
Todos nós temos muitas esperanças, umas maiores e outras menores que vão mudando ao longo da vida. O futuro é imprevisível gerando sentimentos contrapostos: desde a confiança e otimismo ao medo e pessimismo. Uns pensam que a ciência, a tecnologia e as ações humanas respondem a todas as necessidades. A esperança cristã valoriza todo esforço humano, mas diz que não é suficiente. Por isso, ela se funda em Deus. A esperança inclui a vida eterna, o encontro definitivo com Deus. A certeza quanto ao futuro faz o cristão viver intensamente o tempo presente.
Os encontros de Natal do subsídio da CNBB
A esperança precisa ser aprendida e exercitada. Os cinco encontros são “lugares” de aprendizagem e exercício da maior esperança.
1º encontro: Levantar e levar a esperança. É inspirado na visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-45). Maria é modelo de esperança. Crê nas palavras do anjo Gabriel. Pelo “sim” ela abriu para Deus a porta do nosso mundo, onde Jesus se fez carne tornando-se um de nós. Maria colocou-se apressadamente a caminho para servir Isabel em suas necessidades e para anunciar Jesus a ela e a João Batista. O que ela fez é um convite para fazermos o mesmo.
2º encontro: Alimentar a Esperança na Oração, tendo por referência o Pai Nosso (Mt 6,5-15). O primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração. Jesus rezava e isso basta como argumento em favor da oração. O comportamento de Jesus é norma absoluta de vida para o discípulo. Devemos amar a oração porque Cristo a amou. Despertou nos discípulos um pedido: “Ensina-nos a rezar!” Já pedimos alguma vez: “Ensina-nos a rezar?”
3º encontro: Fortalecer a Esperança na Comunidade, inspirados nas bem-aventuranças (Mt 5,1-12). Ninguém de nós vive só, peca sozinho ou se salva sozinho. Continuamente entra na minha vida aquilo que os outros pensam, dizem e fazem. Cada um de nós também entra na vida do outro, tanto para o bem como para o mal. As Bem-aventuranças espelham a vida de Jesus. Elas são o projeto para os discípulos para vivermos comunitariamente.
4º encontro: Viver a esperança na solidariedade, iluminados pela parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). O sofrimento faz parte da existência humana. A sua origem está na nossa finitude, na limitação do corpo, nos pecados cometidos, nas estruturas injustas da sociedade. Toda ação séria e sincera é esperança em ato. A parábola começa com a pergunta: Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna? A solidariedade não se reduz a uma ação só para este mundo, também nos conduz à vida eterna.
Celebração Penitencial: Com Cristo renasce a esperança. Jesus confiou à Igreja o ministério da reconciliação. Na bula o Papa Francisco no ensina: Uma tal experiência repleta de perdão não pode deixar de abrir o coração e a mente para perdoar. Perdoar não muda o passado, não pode modificar o que já aconteceu; no entanto, o perdão pode nos permitir mudar o futuro e viver de forma diferente, sem rancor, ódio e vingança. O futuro iluminado pelo perdão permite ler o passado com olhos diferentes, mais serenos, mesmo que ainda banhados de lágrimas (n.23)
A preparação para o Natal provoca em nós um desejo ardente para celebrá-lo. Aproveitemos todos os meios que a Mãe Igreja nos proporciona, entre eles está o subsídio preparado pela CNBB Sul 3, para que a presença do Menino Jesus: a maior esperança ilumine as desilusões que pairam sobre a humanidade.
- As pessoas com quem convivo manifestam esperança ou pessimismo e desilusão?
- O que é esperança cristã?
- Como posso ajudar as pessoas a cultivar a esperança cristã?
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo