Diaconado permanente

Nossa Diocese de Cruz Alta, neste ano de 2020, está concluindo o terceiro ano da formação acadêmica dos primeiros dez candidatos a diáconos permanentes da Diocese, de oito paróquias. Isto está sendo uma novidade, como oportunidade única de ação evangelizadora, nas paróquias. Durante o ano de 2021 receberão o Sacramento da Ordem e poderão atuar em suas comunidades.

O diaconado permanente é um ministério que já esteve presente nos primórdios da Igreja. Sete homens “de boa reputação, repletos do Espírito de sabedoria” (At 6,1-6), foram escolhidos para serem os primeiros diáconos. As primeiras orientações sobre a formação dos diáconos e sobre o estatuto jurídico foram propostas por São Paulo VI, em 1967, e, posteriormente, retomadas pelo Código de Direito Canônico, em 1983.

Quem são os diáconos permanentes? Eles são pais de família, com vida matrimonial estável, com mais de 35 anos. Devem ser participantes assíduos da comunidade. Só podem ser admitidos candidatos que participem ativamente da comunidade, com uma boa caminhada formativa e espiritual e que sejam aceitos pelos irmãos da comunidade. Sua esposa deve concordar e participar ativamente. Desde há mais de cinquenta anos já temos este ministério na Igreja, que ainda não tinha sido suficientemente esclarecida sua importante missão. Também são ordenados diáconos transitórios aqueles seminaristas que depois irão receber o sacramento da ordem, como presbíteros. Seu fundamento está em Cristo, que veio não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos (Mt 20,28), testemunhou e ensinou que aquele que quiser ser o maior, seja o servo de todos (Mc 10,42-44). Mas, do mesmo modo, na Igreja, toda ministerial, temos a presença da diaconia, como um dos ministérios ordenados. O Sacramento da Ordem tem três graus: o episcopado, o padre e o diácono. No sentido cristão, a hierarquia é um serviço prestado à comunidade (Rm 13,4) e, como tal, foi instituído por Cristo, a fim de prolongar sua missão redentora no mundo até que Ele venha (cf. LG 18). De fato, “no grau inferior da hierarquia encontram-se os diáconos. São-lhe impostas as mãos não para o sacerdócio, mas para o serviço” (LG 41).

Para 2021, a Faculdade Palotina de Santa Maria estará oferecendo mais um curso com duração de três anos, seguindo as prescrições da CNBB. Agora é o tempo da indicação e escolha dos candidatos, que deverão passar pelo Conselho Paroquial de Pastoral e pelo pároco. Desejamos que outras paróquias, algumas com muitas comunidades ou que não têm padre residente, possam ter esta vocação ao diaconado permanente. Aliás, foi esta uma das indicações que o Papa Francisco apresentou para a região amazônica, ao falar que “são necessários sacerdotes, mas isto não exclui que ordinariamente os diáconos permanentes – deveriam ser muitos mais na Amazônia –[…]” (QA 92). Sua missão é evangelizadora, nos três modos próprios da vida cristã: o anúncio da Palavra, a celebração dos sacramentos e a caridade eclesial. Sendo que, biblicamente, lhes é mais próprio o exercício da caridade e o acompanhamento das Pastorais Sociais. Mas, também, podemos ter diáconos exercendo o ministério na educação, nas profissões liberais, na agricultura e nos diversos campos da vida social.

Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta