Hoje: Dom Adelar Baruffi celebra seus 25 anos de vida Presbiteral
Natural de Coronel Pilar, aos 50 anos de idade, Dom Adelar Baruffi, que em 15 de março de 2015 assumiu como Bispo da Diocese de Cruz Alta, comemora seus 25 anos de vida presbiteral. Filho de Melibio e Iraci BeniniBaruffi, ele foi ordenado no dia 22 de janeiro de 1995. Neste ano, comemora junto ao seu povo, as alegrias vivida na missão para qual deu seu “sim”.
A comemoração será em dois momentos: no domingo, dia 19 /01, em Bento Gonçalves na Paróquia Santo Antônio, Dom Adelar celebra a missa das 10h, a qual marca o seu jubileu de Prata e, também, os 85 anos do Santuário Santo Antônio. Ao meio dia, recepciona a comunidade para um almoço festivo.
Na Diocese de Cruz Alta a comemoração será no dia 22/01, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, de Ibirubá. Dom Adelar celebra a missa das 19h seguida de jantar de confraternização no salão paroquial.
Confira entrevista onde Dom Adelar nos conta um pouco sobre sua trajetória de vida.
1) Por que a decisão pelo sacerdócio? Como se deu esse processo? Conte um pouco sobre a sua descoberta vocacional.
Dom Adelar: No ano de 1983, com 14 anos, foi que comecei o caminho de formação presbiteral. Fui ordenado em 22 de janeiro de 1995. Hoje, 25 anos depois, em primeiro lugar, o sentimento é de muita gratidão. Gratidão a Deus pelo chamado e pelas pessoas envolvidas, pois em nenhum momento eu fiz o caminho sozinho. Naquele tempo não compreendia muito bem, mas entrei no seminário com o coração aberto e, a partir disso, fui fazendo o discernimento necessário para poder compreender a profundidade e a alegria desta missão presbiteral, que agora celebramos. Minha vocação tem raízes na convivência familiar. Sou de uma família muito simples, muito humilde, do interior do município de Garibaldi – agora município de Coronel Pillar – onde trabalhávamos na lavoura, num ambiente que não era fácil o trabalho – quem mora lá sabe disso – estudávamos e tínhamos momentos de vida espiritual. Creio que estes três elementos, unidos à convivência muito harmônica, muito bonita na família, foi o chão básico para o surgimento da vocação.
O perguntar-se de uma vocação supõe que a pessoa esteja num ambiente favorável. Não é que tenha que acontecer algum milagre, mas tem que ter um ambiente favorável. E, este ano em que nós estamos vivendo o Ano vocacional Diocesano é bastante importante favorecer espaços, onde nossos jovens possam se perguntar do “porquê” de sua vida, qual rumo seguir… Nunca ninguém me obrigou a ser padre, mas, ao descobrir devagarinho e abrindo-se o horizonte do que é a vida e a missão sacerdotal, foi com alegria e determinação que assumi esta missão que Deus foi me confiando.
2) Quais foram ou são suas referências vocacionais?
Dom Adelar: Sou originário da Diocese de Caxias do Sul e lá tem uma história muito bonita na formação do seu povo, sobretudo a imigração italiana. Então, as referências que tive foram dos padres que atuaram naquelas paróquias. Recordo bem que, quando estava no meu primeiro ano de filosofia, começamos já a atuar nos bairros mais pobres da cidade de Caxias do Sul. Fiz um curso de Bíblia que fiz junto com as lideranças com uma comunidade. Foi muito marcante para mim. Lembro o nome das pessoas lá da comunidade Nossa Senhora da Paz, Bairro Tijuca, de Caxias do Sul.
Depois, fomos a Viamão e atuamos mais ligados à catequese. Então veio a ordenação presbiteral e, logo em seguida, o Bispo, hoje emérito, Dom Paulo Moretto, quis que eu trabalhasse na formação dos padres. Uma alegria muito grande, mas, também, um desafio imenso. Alegria de ver aqueles que foram acompanhados e sendo ordenados. Mas, o desafio grande de chegar no final do ano, depois de ter realizado um trabalho com muitos leigos, pessoas das ciências humanas que ajudavam deparávamo-nos com situações onde nenhum dos seminaristas continuaria. Aí era, de fato, a provação. Começávamos tudo de novo. Creio que esta situação do seminário foi ajudando a não ter medo de enfrentar desafios, de começar de novo, de olhar para o futuro e dizer: vamos em frente, sempre. E cito como uma grande referência da nossa Igreja, o Papa Francisco. Ele é nosso Papa! Com isso não estou dizendo que Bento XVI ou Papa São João Paulo II não foram bons papas. Foram papas do meu tempo, muito aprendi com eles. Mas, para mim, o Papa Francisco tem a humanidade junto com a espiritualidade e com a ação prática. Aquilo que nós gostaríamos de viver, também, e que nem sempre conseguimos. Ele é a grande inspiração que temos para nosso tempo e procuramos segui-lo, sempre.
3) Quais recordações que o senhor traz do dia de sua ordenação sacerdotal?
Dom Adelar: O dia da minha ordenação presbiteral, 22 de janeiro de 1995, foi preparado com muito carinho e esmero pela equipe diocesana das vocações. Visitamos todas as comunidades da paróquia. Meus colegas padres estiveram juntos. Foi um ano de muitas ordenações: oito padres. Recordo, com carinho e com sentimento, do padre Eládio Dal Pozzo, que acabou falecendo em um acidente. Hoje somos sete ordenados de 1994 e 1995.
O dia de minha ordenação foi de muito calor! Muitas pessoas participaram da celebração.
4) Nestes 25 anos de vida presbiteral, quais foram os momentos que mais marcaram sua vida?
Dom Adelar: Difícil dizer! Claro tivemos a ordenação de diácono, depois padre, a ordenação de bispo. Não tem como não recordar do dia em que fui escolhido para ser o Bispo desta Diocese, em que recebi a ligação de que o Papa tinha me escolhido para vir para cá. Estes são fatos externos da minha vida, nestes 25 anos de padre. Mas, os fatos internos, dizem do caminho que vamos fazendo.
Quando fui ordenado padre, não tinha todo o conhecimento, todo o caminho que hoje tenho. É obvio, pois se passaram 25 anos. Destaco, sobretudo, o caminho espiritual, que a gente faz durante a vida, o caminho de formação intelectual. Dom Paulo Moretto, que era Bispo de Caxias do sul, quis que eu fizesse um Mestrado, que fosse para Itália. Morei em Roma, e este fato, sem dúvida, foi marcante na minha vida presbiteral e na minha história pessoal, também.
E, também, como disse antes, a coragem de enfrentar os desafios da vida. Os desafios do dia a dia da vida vão ajudando-nos a caminhar. Recordo muito bem o profeta Jeremias que diz assim: A medida que a gente vai caminhando a gente vai fincando uma estaca no caminho. Esta estaca significa o quê? Que aqui já tenho um ponto firme, depois eu tenho mais um, e outro, e, assim, este caminhar são fatos marcantes de nossa vida e de nossa história.
Acredito na importância do caminhar e de fazer sínteses do caminho que se realiza. As sínteses são feitas de muitos modos. Quando possibilitamos que haja um espaço de recolhimento interior, quando conseguimos olhar para um fato, para as pessoas, para aquilo que vai sendo a nossa vida, acabamos trazendo, para dentro de cada um de nós, elementos positivos, que podemos guardar para toda a nossa existência. Então, algum momento que seja determinante é mais difícil de dizer, mas, hoje, olhando os 25 anos, vejo o quanto sou diferente daquele dia em que fui ordenado presbítero. Contudo, presbítero como aquele dia.
Digo com minhas palavras aquilo que Dom Paulo Moretto disse naquele dia: Hoje tu não compreendes tudo aquilo que Deus está te dando, porque à medida em que tu vais caminhando, tu vais compreender.
5) Qual a importância deste momento em reunir-se com seu povo para comemorar 25 anos de ordenação presbiteral?
Dom Adelar: É um momento de dizer obrigado o Deus, Pai de bondade. Porque, sobretudo, para um padre, para todas as pessoas, nunca é uma coisa particular, que a gente guarde para si, nós somos pessoas em relação com os outros sempre. Então se hoje sou bispo, sou bispo com as pessoas, com a diocese, com todo o povo que está aqui nesta Diocese. Eu fui e sou padre nestes 25 anos exatamente por estar com as pessoas, convivendo, celebrando, anunciando o evangelho. Tudo isso faz ser a vida presbiteral.
Quando nós dizemos um muito obrigado, nós recolhemos toda a vida e, sobretudo, nós colocamos tudo nas mãos de Deus. A vocação não é só um desejo pessoal, a vocação é uma acolhida que nós vamos descobrindo daquilo que Deus vai apontando na caminhada de nossa vida. Então, celebrar os 25 anos é poder dizer, junto com todo o povo que estará conosco, seja na Diocese de Cruz Alta ou na Diocese de Caxias do Sul, um muito obrigado por toda a caminhada que realizamos juntos. E Deus sabe quantas graças que foram concedidas a nós neste tempo em que podemos viver esta vocação.
6) Estamos vivendo, na Diocese de Cruz Alta, o Ano Vocacional. O que diria a um jovem que hoje deseja ser padre?
Dom Adelar: Creio que temos vários pontos importantes aqui para destacar. O ano vocacional diocesano nos coloca diante de uma realidade que é preciso ter um dinamismo muito especial. Primeiro, parte da evangelização da juventude, o acompanhar o jovem para esse encontro com Cristo, consigo próprio, com a realidade onde estão inseridos e possam, a partir deste contexto, compreender-se, e conhecer-se a partir do olhar da Palavra de Deus. Como Maria, diante do anjo, diz: “Eis aqui a serva do Senhor”. Então, o caminho se dá neste conhecimento da Palavra de Deus, na inserção da comunidade e na resposta livre, sincera e total a Deus para esta missão. O segundo ponto muito importante, também, que destaco: estamos num Ano Vocacional Diocesano e ele é muito mais do que somente nós realizarmos algum evento, alguma promoção; é preciso que iniciemos e aprofundemos, sobretudo, a compreensão de que a animação vocacional é muito mais do que ajudar um seminarista – precisa isso, também – mas é muito mais que isso. E todas as lideranças, padres, bispos convencerem-se de que alguém vai querer ser padre, quando olhar para o padre de sua paróquia, para o Bispo de sua Diocese e dizer: “Poxa, mas eu quero ser como ele. Quero realizar esta missão, também”. Então, muito da animação vocacional depende da nossa convicção e disso eu tenho certeza.
Desejo que o ano vocacional de fato, desperte muitas vocações para a vida sacerdotal, matrimonial e religiosa. E, sobretudo com um caminho de oração e de evangelização como nos pede a Igreja no Brasil: “Cada comunidade uma nova vocação”.
Queria aproveitar e dizer um grande muito obrigado a cada um e a cada uma de vocês que fizeram e fazem parte do caminho de minha vida. Nunca fazemos um caminho, uma vida, sozinhos. Então, quero dizer: muito obrigado. Que bom caminhar com vocês. Que ótimo foi ser padre na Diocese de Caxias do Sul e muito bom é poder estar aqui, na Diocese de Cruz Alta, já com cinco anos de bispo. Muito bom poder caminhar, estar com as pessoas, com as comunidades, com os padres e religiosos, todos, e fazer este caminho bonito.
Obrigado a cada um e a cada uma de vocês.
Por Greice Pozzatto – Assessora de Comunicação da Diocese de Cruz Alta