Junho Verde: nossa comum responsabilidade pela Educação Ambiental

Os problemas ambientais enfrentados na atualidade pela humanidade e os prognósticos preocupantes para o futuro, encontraram na profética voz do Papa Francisco uma exortação à reflexão e a mudança de mentalidade. No capítulo sexto da Encíclica Laudato Si, o Papa indica a educação e a espiritualidade como alternativas na busca de soluções para os desafios ecológicos.

Entre as muitas e múltiplas iniciativas que amplificam as repercussões da Laudato Si está o projeto de lei, sancionado em 2022, do “Junho Verde” que institui a celebração do mês temático como parte das atividades educativas na relação com o meio ambiente. A proposta surgiu da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem como objetivo incluir na Política Nacional de Educação Ambiental um mês para sensibilizar a sociedade brasileira e convocá-la a participar ativamente da defesa da Casa Comum.

A mudança de mentalidade acerca da utilização irracional dos recursos naturais assim como a compreensão de que a humanidade é parte integrante de um complexo e frágil ecossistema passa necessariamente por um processo educativo. Por isso, integrar a ecologia em todos os níveis de educação, seja ela formal ou não, implica em ensinar não apenas sobre as questões ambientais, mas também sobre a interconexão de todos os aspectos da vida e a interdependência entre os seres humanos e o meio ambiente.

Com o “Junho Verde”, nossas comunidades escolares e eclesiais são convocadas a criar espaços e iniciativas que fomentem o diálogo, a reflexão e a oração e assim, promovam uma tomada de consciência dos dilemas ambientais que vivemos e a uma mudança de postura. A mobilização em pequenos grupos de pessoas que acreditam e sonham com uma humanidade capaz de cuidar da nossa grande e bela casa comum é um passo importante.

Educar é uma responsabilidade de todos. Família, escola, igrejas, meios de comunicação de maneira colaborativa e corresponsável formam as novas gerações. Neste “Junho Verde”, possamos educar na perspectiva ecológica, tomando consciência e mudando os padrões de consumo em uma gradativa superação da cultura do descarte e da indiferença com a vida em nosso planeta.

A partir da nossa espiritualidade, reconhecemos a bondade de Deus, que como Criador, nos deu o dom da vida e nos confiou esse perfeito “jardim” para que dele cuidemos e nele preservemos a harmonia original. Como herdeiros desta confiança temos a missão evangelizadora, em uma sociedade marcadamente descompromissada com o bem comum e com o cuidado do planeta, de educar para a responsabilidade com a casa comum. Desta forma, iniciativas como a do “Junho Verde” tornam-se imprescindíveis, pois oportunizam espaços de diálogo, reflexão e assim despertam as consciências para o drama da vida no planeta e suas reais ameaças.

Pe. Júlio César Evangelista Resende, osc
Religioso da Ordem da Santa Cruz- Crúzios, mestre em educação pela Puc Minas e assessor da Comissão de Cultura e Educação da CNBB