Nossos biomas gaúchos: Pampa e Mata Atlântica
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo
Um dos objetivos da Campanha da Fraternidade de 2017: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” é aprofundar o conhecimento de cada bioma. Pesquisar o bioma onde se reside, provoca a curiosidade para conhecer os outros. No Rio Grande do Sul temos o bioma Mata Atlântica que é compartilhado com outros 17 estados. No Brasil, o Pampa só existe do nosso Estado e depois se estende ao Uruguai e à Argentina.
A Mata Atlântica, devido a sua extensão de sul a norte do Brasil, representa uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta. Vivem na Mata Atlântica mais de 20 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas (que existe somente em determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 197 espécies de répteis; 372 espécies de anfíbios; 350 espécies de peixes.
Nesta área estão situadas a maioria das regiões metropolitanas do Brasil, portanto onde se concentra a absoluta maioria da população brasileira. Historicamente o Brasil se desenvolveu a partir do litoral. Hoje restam 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia orginalmente. Sendo um bioma dos mais ameaçados do planeta ele foi decretado como Reserva da Biosfera pela UNESCO e Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988. Uma das marcas do bioma Mata Atlântica é seu poder de regeneração. Os cuidados e as iniciativas de preservar o que resta e tentar regenerar o mínimo para não faltar água, regular o clima, proteger as espécies nativas ainda é uma esperança viva.
A Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do RS, coordenou um trabalho com outros órgãos, sobre o Pampa. Disso resultou a publicação de uma bela obra intitulada: “Nosso Pampa Desconhecido”, são 210 páginas com informações e belas fotografias.
Esta obra descreve, assim, o Pampa: “Nossa noção de natureza preservada normalmente está associada à imagem de ambientes fartamente arborizados. Porém, ao sul das paisagens tropicais da América do Sul, aproximadamente a partir do paralelo 30º de latitude sul, há um vasto espaço geográfico onde as árvores limitam-se a formar uma moldura ao longo dos cursos d’água ou estão confinadas às áreas de relevo mais acidentado. Todo o resto constitui o domínio privativo das ervas: gramíneas e outras plantas rasteiras perfeitamente adaptadas às condições climáticas e aos solos da região, formando um complexo sistema de campos naturais”.
Quando falamos de bioma não podemos esquecer os povos que neles habitam. O ambiente natural influencia na formação sociocultural dos seus moradores. “É impossível pensar no Pampa sem que imediatamente venha à mente a figura do gaúcho, o habitante natural da região, completamente integrado ao seu meio e hoje conhecido muito além das fronteiras do Rio Grande. O Pampa é o berço do povo gaúcho, cuja a cultura e a tradição foram construídas sobre os campos nativos de um território de fronteira flutuante e em íntima associação com a atividade econômica mais antiga na região: a criação extensiva de gado”.