O Feriado de 15 de agosto

 

No dia 27 de agosto a Câmara de Vereadores de Santa Maria aprovou a data da Coroação Pontifícia da Medianeira como Feriado Municipal. Para cumprir a legislação sobre feriados religiosos, foi necessário transferir o feriado de 08 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, padroeira de Santa Maria. É importante recordar que 15 de agosto é o dia da Assunção de Maria, último dogma proclamado pela Igreja em 1950.

O feriado é uma interrupção no tempo ordinário que marca a memória de fatos que refletem quem somos, nossa identidade cultural e nossas metas. O feriado destaca nossos valores e virtudes. Muito bem traduz o hino riograndense ao dizer que “povo que não tem virtudes acaba por ser escravo”. Parar para descansar, celebrar, comemorar e recordar é um ato libertador das prisões do tempo e do espaço cotidianos.

Nós cristãos aprendemos com os judeus a necessidade de delimitar tempos e espaços capazes de educar as futuras gerações para que não percam a memória do que Deus realiza na história do seu povo.

É nesse contexto de tempo significado, de memória agradecida, de experiência cultural, que se impõe sobre a realidade, é a Arquidiocese de Santa Maria  solicitou que a maior devoção de Santa Maria e do Estado do Rio Grande do Sul receba uma distinção especial no dia em que foi coroada a imagem por um ato pontifício.

Nas origens de Santa Maria a festa da Imaculada Conceição foi muito importante e, por isso, o 8 de dezembro tornou-se feriado para marcar o acontecimento. Com o passar do tempo, quis Deus, por caminhos misteriosos, que a devoção à mesma Imaculada Conceição se perpetuasse nesta região com o nome de Medianeira de Todas as Graças. Mantendo, portanto, o 8 de  dezembro como data a ser comemorada civilmente e celebrada liturgicamente, propôs-se que o povo de Santa Maria venere a Imaculada Medianeira recordando o dia em que ela foi coroada como  a Rainha do povo gaúcho.

Esta coroação merece um destaque também para recordar a presença de Nossa Senhora no reerguimento do Rio Grande do Sul diante da catástrofe climática vivida pelas enchentes de maio. A espiritualidade mariana que marca o nosso estado será um motor propulsivo para superar os desafios do cansaço, do desânimo, da angustia que poderá gerar a fase de reerguimento.

Agradecemos a acolhida da Mesa Diretora e dos vereadores que souberam ler com lucidez os sinais dos tempos e votaram positivamente. A Arquidiocese se compromete em fazer três grandes celebrações anuais para honrar a Medianeira: 31 de maio (festa Litúrgica) , 15 de agosto (coroação pontifícia)  e o segundo final de semana de novembro (Romaria Estadual).

Como o Papa Francisco, precisamos repetir: Não tenhamos medo de tomar decisões difíceis. E não sejamos reféns de um adágio pouco promissor: aqui sempre foi assim. Inovar sem invencionismo, mas mudar para ser sempre o mesmo, são imperativos de quem vive na era da Inteligência Artificial, mas se sente ameaçado pelas condições humanas e climáticas. O nosso tempo exige mais  sabedoria, criatividade e ousadia. Não tenhamos medo, somos um povo capaz de reinventar a vida.

 

Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria e Presidente do Regional Sul 3