O pastor, o semeador e o pescador

Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta

Nos dias 28 a 30 de julho, em Caxias do Sul, acontece o I Congresso Missionário Regional do Rio Grande do Sul. Além de ser um momento de animação missionária, ajudará nossas comunidades a preparar o 4º Congresso Missionário Nacional, que acontecerá nos dias 7 a 10 de setembro, em Recife. O tema que perpassa o encontro, assim como as reflexões, celebrações e atividades missionárias será: “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”. Este tema não é novo, pois se situa na continuidade do ensinamento da Igreja nos últimos tempos. Após dez anos do Documento de Aparecida, sabemos que resta um longo caminho a percorrer para que todos os batizados sejam verdadeiramente discípulos missionários de Jesus Cristo e nele tenham vida. O discípulo que segue Jesus no seu caminho e procura viver como Ele, sente-se enviado a partilhar com outros esta vida que brota d´Ele. Não é somente uma tarefa a ser realizada de tempos em tempos ou de algumas pessoas, mas é uma atitude permanente de vida.

Três figuras bíblicas são especialmente significativas para a animação missionária, levando-se em conta três âmbitos da missão: o pastor, o semeador e o pescador (cf. A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída, Texto base do4º Congresso Missionário Nacional, p.22-23).A primeira imagem é a do pastor, que cuida do seu rebanho. Trata-se da missão com os que são “de casa”, que frequentam nossas comunidades. Não podemos dar por suposto que pelo fato de participarem da comunidade já tenham se encantado por Jesus Cristo e pelo projeto do Reino. São convidados a ouvir a voz do pastor, segui-lo, conhecê-lo, estar no rebanho. O cuidado, a proximidade, a convivência e oamor doação são características do pastor (cf. Jo 10,1-18) e de uma comunidade acolhedora e evangelizadora.

A segunda imagem é a do semeador. “O semeador saiu para semear” (Mt 13, 3), diz Jesus. É a ousadia de sair e anunciar a Palavra, ir ao encontro, onde estão as pessoas. O olhar se volta para os batizados, mas que não vivem sua fé. Vivem como se Deus não existisse e, às vezes, como se os outros não existissem. Muitosafastaram-se decepcionados em relação às promessas da fé ou por causa das exigências do seguimento de Cristo. O semeador sempre acredita que colherá frutos. Por isso, nos pede o Papa: “não vos escandalizeis com as suas dores ou desilusões. Iluminai-os com a chama humilde, conservada com tremor, mas sempre capaz de iluminar quantos são alcançados pela sua limpidez que, no entanto, nunca é ofuscante” (10/09/2015).

A terceira imagem é a do pescador, que aceita o convite de Jesus: “avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca” (Lc 5,4). Aqui a missão é marcada por pura fé, pois não tem certeza de que terá êxito. Simplesmente joga a rede, “em atenção à tua Palavra” (Lc 5,5). Vai ao encontro dos que ainda não conhecem Jesus e o seu Reino.Como Jesus com Zaqueu, “caminhai na sua direção, parai diante deles e, sem medo nem sujeição, vede a que árvore subiram (cf. Lc 19, 1-10). Não tenhais receio de os convidar a descer de imediato porque, precisamente hoje, o Senhor deseja entrar na sua casa” (Papa Francisco – 10/09/2015). Sabe que a fé nasce do anúncio da Palavra. Quantas “periferias existenciais e geográficas” aguardam o anúncio de Jesus Cristo!

Pastores, semeadores e pescadores tenhamos sempre a alegria de evangelizar, de testemunhar e falar de Jesus Cristo e seu evangelho. Famílias missionárias no seu próprio lar; jovens evangelizadores de outros jovens; grupos missionários permanentes de nossas comunidades; catequistas a serviço da iniciação à vida cristã; leigos e leigas testemunhas cristãs nas realidades do mundo: vivamos a missão cheios de ardor e alegria!

 

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