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O Senhor virá

Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen

O Advento fala-nos da vinda de Jesus Cristo. Por ela suspiraram, ao longo de muitos séculos, os patriarcas e os profetas.

Temos como referência as três vindas de Cristo: a histórica – acontecida em Belém, há 2017 anos –; a escatológica – quando vier no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos; e a mística – quando nos esforçamos por melhorar espiritualmente.

O Advento fixa-se nesta terceira vinda, como preparação para a vinda do Senhor no final dos tempos.

Estamos vivendo um tempo de um grande inconformismo na nossa vida social, por causa das dificuldades sociais e econômicas, pela necessidade de medidas de austeridade. Multiplicam-se as reclamações de toda a ordem.

No meio de tudo isto, não se ouve uma única reclamação para que melhore a vida moral das pessoas. E, no entanto, esta desordem moral está na raiz de todas as crises.

Temos de confrontar corajosamente o mundo de paz e alegria que Jesus nos veio trazer com a situação em que nos encontramos.

O Advento fala-nos do inconformismo e anima-nos a cultivar o sadio descontentamento, por um avivar da esperança e uma luta espiritual mais intensa. No entanto, contra a renovação que este tempo litúrgico nos propõe, levantam-se algumas dificuldades:

  1. As falsas esperanças. Têm como fruto a orientação dos passos por um caminho errado. Deixamo-nos dominar por elas quando os nossos interesses são exclusivamente materialistas: a saciedade dos sentidos e a arrogância na vida social, tentando representar na vida pública aquilo que não é verdade.
  2. O conformismo fatalista. É uma tentação fácil: cruzar os braços e acreditar que não podemos ser diferentes nem melhores. Desculpamo-nos com a impossibilidade de mudar de comportamento, por causa do feitio, das dificuldades de tempo, de disposições, etc. No fundo, acaba por ser uma falta de esperança cristã. Esperamos, mas não cremos que seja possível.
  3. O apego à mediocridade. Dá-se quando estamos apegados a uma vida tíbia, sem esperança. Os prisioneiros desta mentalidade não querem cometer grandes pecados, mas também não querem praticar grandes virtudes. Quais são as nossas esperanças a conquistar neste Natal? Sentimo-nos demasiado voltados para o consumismo: para as prendas e uma boa mesa. E, por causa disto, passa-nos ao lado o essencial do Natal. A virtude da esperança é como uma moeda com duas faces: o desejo e a confiança de que isso acontecerá e o esforço, confiados na Graça de Deus, para mudar o que podemos mudar.
  4. O desejo de melhorar a vida com Deus. Para o fomentar, a Igreja proclama as leituras e aponta-nos os desejos dos Patriarcas e Profetas que desejaram e suspiraram muitos séculos pela vinda do Redentor.

Aproveitemos este tempo santo para a renovação de nossa vida. Organizemos em nossa família e com famílias amigas os grupos de preparação para o Santo Natal.

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