Os milagres de Jesus
Os milagres que Jesus realizou, como o que nos relata o Evangelho deste Domingo, da multiplicação dos pães e dos peixes (João 6,115) bem como os demais milagres de Deus, ainda presentes em nossos dias são pegadas de Deus na areia do mar do mundo. Garantem-nos que o Senhor passou por ali.
Por meio deles consegue o Senhor diversos frutos abençoados.
Como testemunha o Evangelho, os milagres que Jesus fazia atraíam as multidões, quer por curiosidade, quer para ver se também eram contemplados. Ficavam assim disponíveis para que o Divino Mestre lhes anunciasse a Boa Nova da Salvação.
Os milagres eram sinais visíveis da divindade de Jesus, e Ele apelava muitas vezes para eles: «Pois bem: para que saibais que o Filho de Deus tem na terra poder para perdoar os pecados, “levanta-te, disse ele ao paralítico”…» Como poderia o Pai dar poder a Jesus para fazer um milagre, se Ele não fosse Deus?
Manifestam a onipotência e o amor de Deus por nós. Ao enxugar as lágrimas e ao socorrer os doentes, Jesus, rosto do Pai, revelava o quanto Deus nos ama.
Quantos, no mundo inteiro, procuram cada dia encontrar-se com Jesus na Santa Missa, na adoração silenciosa diante do Sacrário, na Confissão ou na oração!
E mesmo quando só nos lembramos de pedir coisas materiais, o Senhor dá-nos riquezas maiores.
A cada um de nós, diante de um mundo que se afasta nesciamente de Deus, pergunta Jesus como a Filipe: “Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?” Jesus faz esta pergunta para experimentar a nossa fé e nos tornar conscientes da grandeza da ação de Deus no mundo.
A resposta encontra-se na nossa generosidade, de mãos dadas com a onipotência de Deus. É como se dissesse: “Faz o que puderes, o que estiver ao teu alcance, e fica tranquilo, que o Senhor fará tudo o que falta”.
Nesta pergunta, Jesus ensina-nos uma coisa muito importante: preocupar-se somente consigo próprio e ficar indiferente diante das necessidades dos outros não é cristão. O egoísmo que com isto se manifestaria é contrário à vida em comunhão a que somos chamados.
Não foi por acaso que o Senhor nos mandou rezar o Pai nosso no plural: O pão nosso… nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas… e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Somos uma família solidária e vivemos esta verdade a começar pelo que é de mais fundamental na nossa vida: a salvação eterna.
Sem um coração cristão, o homem de hoje come o que é seu e estraga o que o seu irmão devia comer.
Jesus realiza um milagre. Multiplica os poucos bens materiais que se tinha à disposição. Mas nos ensina a sermos generosos para com os nossos irmãos.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo da Diocese de Frederico Westphalen.