“Ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir”
Vamos, neste Domingo, na 1a Leitura (Deuteronômio 4,1-2.6-8) escutar a Moisés que advertia o povo de Israel: «Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais». Os mandamentos de Deus são expressões da sua sabedoria e bondade, guiando-nos ao caminho da felicidade, tanto na Terra quanto no Céu.
Satanás tenta nos enganar, assim como fez com os primeiros pais, induzindo-nos a seguir o que nos parece certo, sob a ilusão de liberdade e felicidade. O orgulho, que hoje domina tantas vidas, faz com que muitos se julguem árbitros do bem e do mal, recusando-se a submeter à vontade de Deus. Em muitos países, observamos leis aberrantes e campanhas que defendem crimes como o aborto, a eutanásia, ideologia do gênero, uniões livres entre pessoas de sexo diferente ou do mesmo sexo e a manipulação de embriões humanos.
Em nós, todos sentimos a tentação de agir conforme nossos desejos e instintos. “Para mim isto não é mal”, dizem alguns, como se sua opinião fosse a medida da moralidade. Em todos os pecados, há sempre o orgulho que nos faz cegos: “Eu sei o que é bom para mim”, como se Deus não tivesse razão em suas orientações.
Devemos amar os mandamentos de Deus. Eles são manifestações da sua infinita sabedoria e amor, sinalizando o caminho seguro. Assim como agradecemos às placas de trânsito em territórios desconhecidos, que nos auxiliam a não nos perdermos, assim também devemos valorizar as indicações de Deus para nossa vida.
A Lei de Deus é sempre atual. Os homens retornam frequentemente a antigos vícios de civilizações decadentes, apresentando-os como algo moderno. No entanto, os mandamentos são o verdadeiro caminho para a sabedoria. Mesmo pessoas simples, de nossas interiores, muitas vezes manifestam uma sabedoria superior à daqueles que se consideram intelectuais, mas infelizes em suas vidas. Deus, como Criador, conhece o homem perfeitamente. Se não respeitamos suas orientações, nos desviamos do caminho da felicidade.
Precisamos conhecer bem os mandamentos e estar atentos às orientações do Magistério da Igreja. O Santo Padre e os bispos, unidos a ele, têm a função de nos explicar as leis que Deus escreveu na natureza humana, a lei natural, além das leis positivas reveladas no Antigo Testamento e por meio de Jesus, Seu Filho.
Jesus continua a nos ensinar sua Palavra, especialmente aos domingos, mostrando-nos o caminho da vida. «Sede cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes, pois seria enganar-vos a vós mesmos», nos ensina o Apóstolo São Tiago, na 2a Leitura (Tiago 1,17-18.21-22.27). Seguindo os ensinamentos de Jesus, nos manteremos livres dos contágios do mundo e saberemos amar os outros, especialmente os mais pobres e os mais necessitados de atenção ao nosso redor. Mesmo que nos critiquem e considerem antiquados, no fim, os mandamentos se revelarão como nossa sabedoria e prudência, como escutamos Moisés dizer na 1a Leitura.
Contamos com a graça e o dom de Deus para cumprir sua Palavra. O Espírito Santo age em nossa alma, ajudando-nos a viver conforme a vontade de Deus em todas as situações do dia a dia, imitando Jesus, que foi obediente em tudo ao Pai.
No Evangelho (Marcos 7,1-8.14-15.21-23), vemos os fariseus preocupados com as purificações exteriores, esquecendo-se da pureza interior do coração, essencial para evitar o que ofende a Deus. Atualmente, algo semelhante ocorre: muitos se preocupam com a aparência externa, mas negligenciam a “higiene” da alma, não se esforçando para purificar o coração do pecado. Quantos se confessam apenas uma ou duas vezes por ano, como se isso fosse suficiente.
O sucesso das festas religiosas que acontecem em nossas Comunidades não se mede pelos fogos de artifício ou pelas esmolas, mas pelo número de confissões bem-feitas, que levam à conversão do coração, o que verdadeiramente agrada a Deus. As celebrações cristãs devem nos levar à verdadeira alegria, aquela que só Deus pode proporcionar, purificando-nos do pecado por meio de uma sincera conversão.
É do interior do homem que surgem as maldades. Portanto, é essencial estar atento ao coração, purificando-o para o bem reinar em nossa vida e no mundo ao nosso redor. Assim, em vez de pecado, o que brotará do nosso coração será o amor a Deus e ao próximo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen