Participar é promover comunhão
Promover o senso de pertença e corresponsabilidade pela comunidade de fé significa, para a Igreja Católica na atualidade, um grande desafio. Construir um caminho de reflexão e diálogo aberto na busca de indicações para responder à altura às exigências do tempo presente, requer um entendimento conjunto do que significa ser Igreja.
Promover a participação de todas as comunidades de todos os continentes num caminho de escuta demanda disposição vigorosa para construir processos. É isto que o Papa Francisco está solicitando a toda a Igreja para os próximos dois anos. Para isso, ele solenemente inaugurou um caminho sinodal que terá seu momento culminante no ano de 2023.
Tal iniciativa não é algo novo na história bimilenar da Igreja Católica. Ao longo dos séculos não faltaram, em nível local, regional, continental ou universal decisões construídas por meio desta metodologia característica, inspirada no modo de vida dos primeiros cristãos.
O Evangelho será sempre a referência de toda e qualquer iniciativa, decisão e necessários encaminhamentos para a vida de fé. Todavia, a forma como ocorrem as iniciativas e encaminhamentos precisa, de algum modo, corresponder às exigências dos sinais dos tempos. Certamente, uma autoridade deverá tomar as decisões. Contudo, elas precisam estar atentas às indicações que podem surgir da comunidade de fé e da fidelidade à referência maior: o Evangelho!
No próximo domingo, 17 de outubro, abriremos a fase arquidiocesana do Sínodo. A participação ampla dos mais variados setores da sociedade e da Igreja nesse processo pré-sinodal de escuta ressalta o essencial: o respeito mútuo, o diálogo, o apreço pela diversidade dos dons, a estima pela Igreja e o serviço recíproco.
O processo sinodal é expressão da comunhão na Igreja. Tal caminho não pode ser confundido com um movimento democrático. Numa democracia os consensos são construídos a partir de maiorias. Já no processo sinodal, os consensos são fundamentados nos textos sagrados, na tradição, na doutrina comum e na referência aos grandes mestres e testemunhas da fé.
Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB