Profissão de Esperança: Creio na Vida Eterna

Em 02 de novembro comemoramos a memória de todos os fiéis falecidos, o dia que popularmente denominamos como Dia de Finados. Convido a cada leitor(a) a refletir sobre a realidade da morte, que se faz presente em nossas vidas e nossas famílias. Mas, proponho que façamos isso a partir do Mistério de Cristo, pois é Ele que alimenta nossa Esperança.

A fé cristã nasce na Páscoa de Cristo, que ilumina toda a sua vida, uma vida de missão e cruz. Por essa razão, também a existência dos cristãos se torna pascal. Isso porque, pelo Batismo, fomos mergulhados na Páscoa do Senhor. Em Romanos, aprendemos: “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, assim como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6,5). Esta vida nova é a fé que nos modela pelo Evangelho, é confirmar a nossa existência frágil e mortal diante da Vida Nova que brota da Ressurreição de Cristo.

A Celebração da Eucaristia, da qual participamos a cada domingo, é acolher sacramentalmente o Ressuscitado que se faz presente na comunidade dos fiéis, pois Ele é o alimento dos que creem, é esperança na caminhada e que dá sentido à vocação cristã. Em cada gesto de doação, de amor gratuito, de entrega generosa, o Eterno se revela no cotidiano. O último suspiro de amor, de doação e de entrega, é o desabrochar da eternidade. Portanto, uma existência pascal, até que tudo se torne Páscoa no Senhor.

Agora em 2025, estamos vivendo a alegre experiência do Ano Santo, que tem como lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Esta virtude da esperança, ancorada no Senhor, nos faz professar: “Creio na vida eterna”. Esta profissão de fé abre para nós o horizonte da Esperança. Esta mesma Esperança provém da fé na ressurreição, que está na origem do ser cristão, como bem expressa o apóstolo Paulo: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze” (1Cor 15, 3-5).

Neste Ano Santo da Esperança, queremos reforçar que, mesmo quando a experiência da escuridão da morte nos atinge, nossa fé e nossa esperança estão ancoradas no Cristo, ressuscitado pelo Pai, e que no Espírito Santo é primícias da Eternidade. Desta forma, como disse Papa Francisco na Bula Spes non confundit, nº 20, “face à morte onde tudo parece acabar, através de Cristo e da sua graça que nos foi comunicada no Batismo, recebe-se a certeza de que ‘a vida não acaba, apenas se transforma’. Com efeito, sepultados juntamente com Cristo no Batismo, recebemos n’Ele, ressuscitado, o dom duma vida nova, que derruba o muro da morte, fazendo dela uma passagem para a eternidade”. 

+ Dom Carlos Romulo – Bispo da Diocese de Montenegro