Sinal de Deus
Neste Ano Vocacional Diocesano, ao aproximar-se o dia do padre, quero recordar algumas palavras que dizem da alegria do presbítero que está no serviço de uma paróquia. Mais ainda, porque no dia 04 de agosto será a celebração de São João Maria Vianney (1786-1859). De fato este santo é nosso modelo por excelência, nosso padroeiro. Talvez, mais do que em outros tempos, para nos mostrar o que é o centro, a identidade, o que de fato nos faz sermos padres. Sempre o que distingue a vida de um pastor é sua santidade, seu modo de ser. Porém, é claro que nem sempre, nós os pastores, conseguimos sê-lo. Estamos a caminho, a cada dia. Somos chamados a sermos modelos para o rebanho. Em que modelo? Sobretudo naquela configuração fundamental, recebida no dia da ordenação presbiteral, de ser um sinal sacramental do pastoreio de Cristo, continuando sua missão no mundo, na palavra, nos sacramentos e na comunidade de fé. Em outras palavras, o presbítero, na comunidade, é convidado a ser o sinal visível desta presença espiritual. Tudo no padre tem a marca espiritual, porém não espiritualismo. A marca espiritual do padre e da sua missão é porque sempre parte de Deus para tudo o que vive e faz. A visão de si mesmo, da vida, do mundo, dos valores e da sociedade sempre tem a origem num encantamento que tomou sua vida e a Ele se entregou para sempre. Isto é o que o presbítero mostra na comunidade. Isto não significa que humanamente o presbítero não tenha defeitos e até pecados, porque os têm. Sobretudo quando ocorre de não se cultivar humanamente e espiritualmente. Mas ele nunca deixará de ser este sinal visível de Deus na comunidade à qual é designado.
Então, nossa primeira missão é ser sinal visível de Deus. Neste tempo tão vazio, neste deserto espiritual, que leva tantos jovens a questionarem o sentido da sua vida, o que precisamos são sinais visíveis. Os padres são aqueles que apontam o caminho para Deus. Como nos disse Bento XVI, “os desertos exteriores multiplicam-se no mundo, porque os desertos interiores tornaram-se tão amplos” (24 de abril de 2005). Em que sentido um padre aponta o caminho? Em primeiro lugar pelo significado de sua presença numa paróquia. Infelizmente ainda temos paróquias que não têm um padre que aí resida. A presença já é um grande sinal. Ele está aí, conosco. Não vai somente para celebrar a eucaristia. Em segundo lugar pela sua missão, que é tão grande e bela. Às vezes, um pouco confusa, sobretudo nos tempos difíceis que vivemos. Sempre, no entanto, será aquele que mostra Deus na sua Palavra e nos sacramentos. Em terceiro lugar, será sinal de Deus pela sua vida. Aqui, temos o desafio de uma humanidade simples e acolhedora, próxima e compassiva, amante de todos e especialmente dos mais pobres, conciliador e pronto para perdoar sempre. Repito, não somos sempre assim, mas olhamos para este caminho com alegria. É por isso que deixamos nossa família e, como Abraão, partimos ouvindo a voz de Deus, para a missão que ele nos pediu. A única confiança do padre é Cristo, como Francisco disse aos jovens e serve para nós também: “quando te sentires envelhecido pela tristeza, ressentimentos, medos, dúvidas ou fracassos, Ele estará ali para te devolver a força e a esperança” (Chv 2).
Enfim, sobretudo neste tempo de pandemia do Covid 19, diante das polarizações, devemos ser pontes. O presbítero tem clareza do caminho que a Igreja lhe apresenta, na sua Palavra e no Magistério. Contudo, será capaz de conduzir para o encontro fraterno, para a comunhão, a partir do batismo que nos faz todos irmãos. Deverá colocar em diálogo os diferentes. Nunca ser alguém que separa e afasta. Quando radicalizo, dificilmente sou cristão. Isto vale para todos, leigos e padres.
Parabéns aos nossos padres, diocesanos e religiosos. No domingo, lembremo-nos de saudar nosso padre. A Paróquia é sua família! Oremos por mais vocações ao presbiterado.
Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta